Vanessa Caroline Alcântara, ex-companheira do fiscal Luis Alexandre Cardoso Magalhães, preso que delatou o esquema de sonegação mediante propina na Prefeitura, disse se sentir “com medo” e procurou o Ministério Público Estadual na tarde de ontem, 4, para pedir proteção.
Na saída, recusou-se a comentar os telefonemas interceptados pelo MPE em que afirma que o secretário de governo de Fernando Haddad (PT), Antonio Donato, recebeu R$ 200 mil de Magalhães para a campanha para vereador. Segundo o Ministério Público, Vanessa não havia sido convocada e não prestou novo depoimento. “Ela já havia sido ouvida e não acrescentou novos fatos à investigação. O que houve foi uma orientação quanto à segurança”, disse o promotor encarregado do caso, Roberto Bodini.
Vanessa estava acompanhada do advogado e avisou diversos repórteres de que estaria na Promotoria. Na saída, optou por sair pela porta principal do prédio, na Rua Riachuelo, no centro, dar a volta pela calçada e entrar na saída de veículos do estacionamento, em vez de descer as escadas.
“Acho que não ficou faltando falar nada. Foi tudo falado. O que podia falar para ajudar na investigação, eu falei. O que eu posso falar é da minha vida pessoal, que eu vivi com ele e que eu era realmente a esposa dele, morava com ele, a gente tem um filho juntos e ele chegava e contava as coisas para mim. Não tenho como provar as coisas”, disse.
“Sobre o fato, não posso falar, não quero atrapalhar as investigações, mas, na hora certa, eu procuro a imprensa. Vou falar, sim, na hora certa”, disse, quando foi abordada pelos repórteres.
“Quero que a Justiça seja feita. Estou abrindo mão de tudo isso. Se fosse uma pessoa que quisesse tirar proveito de alguma coisa, os bens são patrimônio do meu filho. Mas não quero isso. Quero que a Justiça seja feita”, afirmou, em meio às perguntas sobre o secretário Donato.
“Quero reaver a guarda do meu filho, ele (Magalhães) tirou, não sei como. Estou com medo, muito medo”, concluiu a mulher, antes de seu advogado, Gabriel Almeida Rossi, encerrar a entrevista.
Proteção à testemunha
O promotor Bodini afirmou que Vanessa buscou ajuda e foi oferecida a inclusão no programa de proteção à testemunha. “Ela se mostra receosa. Tem medo de algumas situações. Evidentemente, ela tem as razões dela. Estamos tentando orientar da melhor maneira possível quanto a esse receio, que a gente não sabe se é real ou não.”
“Dentre uma das proteções que a lei oferece à testemunha há o programa de proteção à testemunha. Isso foi apresentado a ela”, ressaltou Bodini. Só que ela não é obrigada a aderir. Ela que tem de decidir.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.