A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem a Operação Cerol, que prendeu 17 pessoas no Rio, acusadas de fazerem parte de um esquema de corrupção que, segundo a PF, favorecia particulares e cometia crimes contra a administração pública e a administração da Justiça.
O grupo, no qual estariam envolvidos advogados e empresários, era liderado, segundo a PF, pelo advogado Tarcísio de Figueiredo Pelúcio, que seria responsável pela cooptação de policiais federais. Eles atuariam ?redistribuindo? inquéritos, para atrasar sua conclusão, ou negligenciavam a apuração de determinados casos.
O esquema vinha sendo investigado há um ano e dois meses a partir de denúncias realizadas pelo setor de inteligência da própria PF, INSS e Ministério Público Federal.
Segundo nota oficial da PF, ?os principais beneficiados do esquema no período investigado são clientes do escritório de advocacia Michel Assef, cujo principal atuante é o advogado Monclar Gama e os empresários ligados à empresa de vigilância Vig Ban, Renato Paulo de Almeida e Jorge Delduque?.
Além dos dois advogados e dos dois empresários, foram presos dois ex-superintendentes da PF – Jairo Helvétio Kullmann e José Milton Rodrigues, que deixou o cargo no ano passado.
Quatro delegados, um agente e um escrivão também foram presos. Outras cinco pessoas, entre advogados e empresários, também foram recolhidas à sede da Superintendência da PF no Rio, por conta de mandados de prisão temporária assinados pela juíza da 6.ª Vara Criminal Federal, Ana Paula Vieira de Carvalho. Ela também autorizou 45 mandados de busca e apreensão, todos cumpridos pela ontem cedo, inclusive na casa e no gabinete no prédio da Superintendência do ex-delegado regional Roberto Prel.
Os outros presos são os delegados Mauro de Miranda Montenegro, Paulo Sérgio Vieira Cavalcante Mendes Baltazar, Daniel Leite Brandão e Jorge Maurício Mendes de Almeida; o agente Antônio Xavier Mendes; o escrivão Álvaro Andrade da Silva Mário Roberto Affonso de Almeida, Clóvis Maurício Alves Pfaltzgrass, Mário Jorge Campos Rodrigues, Patrícia Esteves de Pinho e Paulo Henrique Vilela Pedras.
A operação contou com 240 agentes de quatro estados e foi coordenada pelo setor de Contra-inteligência da Polícia Federal.
Informações sobre operação vazaram para investigados
Rio (ABr) – Informações sobre a investigação contra oito policiais federais envolvidos em um esquema de corrupção no Rio de Janeiro vazaram para os suspeitos antes mesmo do desencadeamento da operação. Segundo o superintendente regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Delci Carlos Teixeira, uma lista com os telefones grampeados chegou às mãos do advogado Tarcísio de Figueiredo Pelúcio, um dos suspeitos.
A Operação Cerol, desencadeada ontem, partiu de uma investigação de um ano e dois meses contra seis delegados e dois agentes federais, um fiscal da Previdência, quatro empresários e quatro advogados, que estariam, de forma proposital, prejudicando investigações sobre crimes fazendários e previdenciários cometidos por algumas empresas.
Ontem, durante a operação, os agentes encontraram um memorando da Delegacia de Crimes Financeiros com a lista dos telefones que estavam sendo grampeados pela Polícia. ?Foi um vazamento perigoso, dentro de uma operação que estava sendo realizada?, disse. ?Isso é extremamente grave. Certamente alguém de dentro da Superintendência tomou conhecimento dessas investigações em alguns números que estavam sendo monitorados com autorização judicial e essa pessoa teria vazado para o advogado que era um dos alvos?, afirmou o delegado.
Os agentes da Operação Cerol também encontraram uma correspondência manuscrita pelo advogado Pelúcio ao ex-superintendente do Rio de Janeiro delegado José Milton Rodrigues, preso ontem, na operação. De acordo com Teixeira, na carta Pelúcio alertava ao delegado que uma devassa estaria na iminência de ocorrer na regional. ?Ele tinha informações de que seria desencadeada uma operação, só não sabia, evidentemente, quando, como e quem iria fazer isso?, disse Teixeira.
