Suspeito de ter enriquecido na política e de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), terá sua evolução patrimonial no período de 2002 a 2006 investigada pelo Conselho de Ética. Outra decisão do Conselho tomada nesta quinta-feira (5) foi a de investigar as obras feitas pela Mendes Júnior em todo o País com recursos do Orçamento da União. Trata-se de uma tentativa de checar se houve influência política na liberação de recursos.

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As duas linhas de ação foram acertadas na primeira reunião do presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), com os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). Os dois parlamentares e o senador Almeida Lima (PMDB-SE), que não compareceu porque está em tratamento médico, foram escolhidos para relatar o processo contra Renan, por suposta quebra de decoro parlamentar.

Pesa contra o presidente do Senado duas suspeitas: a de que teria as despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo e a de ter apresentado notas frias para justificar o rendimento de R$ 1,9 milhão que disse ter obtido em quatro anos, com a venda de gado. Após a reunião, Quintanilha e os relatores pediram ao diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, – em conversa na superintendência do órgão – que aprofunde a perícia das notas fiscais, recibos e das Guias de Transporte de Animais (TDAs) relacionados na defesa de Renan.

Ficou acertado que os peritos terão um prazo de 20 dias para trabalhar, a contar da data em que receberem os documentos necessários, e que devem estar em poder de Renan. No laudo incompleto da PF, entregue ao conselho no último dia 19, os peritos apontaram "inconsistência" na documentação, pela falta de informações de dados de operações que Renan disse ter realizado. O laudo inconclusivo da PF desarticulou a defesa de Renan e fragilizou sua situação política.

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O senador Renato Casagrande acredita que Renan Calheiros terá todo o empenho em atender aos peritos, sob pena de vir a ser ele mesmo o maior prejudicado. "O maior interessado é ele", alegou. "Se a perícia não for conclusiva, a avaliação que dela resultar pode desmontar sua defesa." Na terça-feira, a Mesa deve votar o requerimento pedindo a conclusão da perícia. No mesmo dia, os senadores esperam receber de Renan os papéis que permitirão à Polícia Federal checar se as operações citadas pelo presidente do Senado realmente ocorreram.

"Nós precisamos da perícia da PF", defendeu Casagrande. "Ela é fundamental para que possamos emitir um juízo sobre o processo e temos certeza que a polícias vai fazer o serviço completo dentro das suas possibilidades". Os senadores ainda não sabem se poderão pedir ajuda da Receita Federal para investigar o patrimônio de Renan. Caso seja impossível, já que se trata de documentos protegidos por sigilo, eles vão pedir ao presidente do Senado que também colabore nesta parte dos trabalhos, fornecendo cópias das duas declarações.

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