Evento discute demandas dos povos ciganos

Atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), possibilidade de ter documento de identidade e ensino gratuito que respeite a cultura e os idiomas próprios são algumas das principais demandas dos povos ciganos. As reivindicações foram apresentadas e debatidas em Brasília, durante a Semana Nacional dos Povos Ciganos, que terminou hoje (24).

O encontro reuniu 300 pessoas em cinco dias de debates, oficinas, peças de teatro e música típica e serviu para que representantes dos povos ciganos apresentassem suas reivindicações ao governo federal e ao Ministério Público.

Leila dos Santos, 35 anos de idade, é cigana e reside em Brasília. Moradora do Assentamento Córrego do Arrozal, a 50 quilômetros do centro da capital do país, disse que o seu povo não é visto como cidadão. Analfabeta, ela acredita que a situação ainda pode mudar. “Não quero mais ter que esconder que sou cigana. Quero aprender a ler para arrumar um emprego. Quero ser vista como ser humano, quero me sentir normal”, desabafou.

A presidente da Associação de Mulheres Ciganas do Rio Grande do Sul (RS), Lori Emanoela, destacou que na cultura de seu povo a mulher só pode ser atendida por ginecologistas mulheres. “Quando não tem médica mulher para nos atender, não devemos realizar os exames preventivos”, contou.

A secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais – da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Silvany Euclênio, disse que muitos grupos de ciganos encontram-se abaixo da linha da pobreza. Segundo ela, o governo federal pretende incorporá-los ao programa Brasil sem Miséria.

A secretária disse que a principal dificuldade que o governo federal enfrenta é localizar e identificar os povos ciganos. “Temos muita dificuldade para saber onde estão e como estão”, informou.

O último senso realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2010, contabilizou pouco mais de 800 mil ciganos no país.

Danielson Alves, 20 anos, nasceu em Goiás (GO), mas está em Brasília há quatro meses. Ele vende peças artesanais nas ruas e disse que, na maioria das vezes, tem que esconder sua identidade. “Dói o coração dizer que não sou cigano, mas sei que se não fizer isso não vou vender nada”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna