O Ministério da Justiça foi informado pelo governo dos Estados Unidos, ontem, de que a Promotoria Distrital de Nova York concordou em compartilhar com a CPMI dos Correios os dados das contas do publicitário Duda Mendonça, ex-marqueteiro do Palácio do Planalto e coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por essas contas, segundo apuraram a CPMI e a Polícia Federal, teriam circulado recursos de caixa 2 do PT no exterior, oriundos do esquema operado pelo ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério de Souza.
A reunião está marcada para a próxima terça-feira de manhã, em Nova York. O compartilhamento de dados envolve tanto a conta Dusseldorf, aberta por Duda no paraíso fiscal das Bahamas, na qual foram depositados R$ 10,5 milhões do ?valerioduto? em 2004 e uma segunda, descoberta recentemente pelo governo americano e comunicada em caráter reservado ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça. Por força de tratado entre os dois países, o DRCI estava impedido de tornar públicos ou compartilhar os dados com a CPMI.
A autorização do governo americano encerra uma polêmica que vinha incomodando a CPMI e desgastando o Ministério da Justiça, que conhecia os dados, mas não os repassou para não desrespeitar o tratado. Enquanto corriam as negociações para compartilhamento dos dados, a CPMI e o governo brasileiro conseguiram bloquear os recursos da conta, a fim de evitar que fossem retirados ou movimentados. O saldo desta segunda conta não foi revelado.
No depoimento que prestou à CPMI, em agosto passado, quando confessou ter recebido os depósitos na Dusseldorf com dinheiro de caixa 2, Duda não fez menção à segunda conta, descoberta recentemente quando a filha do publicitário, Eduarda, tentou efetuar um saque, em Miami. A CPMI quer saber se a origem do dinheiro dessa conta é a mesma e se, para as remessas, foi utilizado o mesmo esquema de doleiros e operadores da Dusseldorf.
