Brasília (AE) – As denúncias contra três senadores acusados pela CPMI dos Sanguessugas de envolvimento com a máfia das ambulâncias podem ser arquivadas pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA).
Ele demonstrou que os processos por falta de decoro parlamentar contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) poderão acabar em pizza ao afirmar que, em sua avaliação, o depoimento à Justiça Federal e à CPI de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planam, não tem validade. ?Não aceito a palavra do Vedoin como prova porque ele é um bandido. Somente o depoimento do Vedoin não é suficiente para abertura de processo?, disse João Alberto. Ele se comprometeu a decidir até quinta-feira da próxima semana se abre ou não processo contra os três senadores.
Segundo depoimento de Vedoin, Suassuna teria recebido R$ 222 mil por meio de seu assessor Marcelo Cardoso de Carvalho. A senadora Serys teria embolsado R$ 35 mil, em dinheiro vivo, entregues a seu genro Paulo Roberto. Já o senador Magno Malta teria ganho um carro do esquema em troca de apresentação de emendas ao orçamento para compra superfaturada de ambulâncias. Magno não apresentou emendas, mas admitiu ter usado por mais de um ano um carro do deputado Lino Rossi (PP-MT), presente de Vedoin.
Integrante da mesma ala do PMDB a que pertence Suassuna, o senador João Alberto afirmou terça-feira que a CPMI dos Sanguessugas deveria ter chamado os senadores para explicar o suposto envolvimento com a máfia. O peemedebista disse ainda que depósitos bancários em contas de assessores servem como provas. Mas observou: ?Assessor tem uma grande ligação, mas tem que ver se o senador sabia, se participou?. A decisão de João Alberto poderá ser questionada no plenário do Senado, caso ele resolva arquivar os processos contra os três senadores.
Nos próximos dias, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, vai solicitar ao Supremo Tribunal Federal a abertura de novos inquéritos contra parlamentares acusados de envolvimento com o esquema. Segundo o presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), os novos inquéritos serão feitos com base no relatório preliminar da comissão, que sugeriu a cassação do mandato de 72 parlamentares. Em julho, a Procuradoria solicitou a abertura de inquéritos contra 57 parlamentares.
CPMI vai pedir a cassação de mais dois parlamentares
Brasília (AE) – O Conselho de Ética da Câmara abrirá na próxima terça-feira mais dois processos de cassação além dos 69 envolvendo deputados acusados pela CPMI das Sanguessugas por suposto envolvimento com a máfia das ambulâncias. A Mesa da Câmara enviou ontem ao colegiado representação contra os deputados B.Sá (PSB-PI) e Domiciano Cabral (PSDB-PB), licenciado do mandato, por supostamente terem negociado o recebimento de propina de construtoras em troca de liberação de dinheiro referentes a emendas feitas ao Orçamento da União.
Sá e Cabral teriam sido flagrados em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial. Nas conversas, B. Sá estaria supostamente negociando propina com executivo da construtora OAS para destinar recursos para obras da barragem de Poço Marruá, no Piauí. Domiciano Cabral estaria negociando propina com a construtora Cojuda, de propriedade de seu sogro, Julião Medeiros, para liberação de pagamento para obras da empreiteira.
Deputado do Mato Grosso é o campeão da propina
Brasília (AE) – Técnicos e auditores de contas a serviço da CPI dos Sanguessugas concluíram rastreamento sobre 19 dos 72 parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Os 19 (26,4% dos sanguessugas) receberam R$ 6,15 milhões, 12 deles em conta própria e os outros 7 em contas de assessores ou de familiares. O dossiê dos 19 foi encaminhado ontem, ao Conselho de Ética.
O campeão da propina, indica o mapa da mina, é o deputado Lino Rossi (PP-MT). Ele recebeu 119 pagamentos que somaram R$ 3 milhões, metade do montante captado pelos outros 18. Lino fez 47 emendas direcionadas para 28 prefeituras de seu Estado.
A Polícia Federal reuniu evidências de que foi ele quem abriu as portas do Congresso para a quadrilha. Lino desistiu de tentar à reeleição. Ontem, ele comunicou sua decisão ao Tribunal Regional Eleitoral em Cuiabá. Alega que o caixa da campanha vai mal porque não conseguiu arrecadar nada até agora.