Brasília (AE) – O Conselho de Ética da Câmara confirmou ontem a absolvição do deputado Pedro Henry (PP-MT) em meio a uma crise entre os conselheiros, que se desentenderam e trocaram acusações. O motivo da discórdia foi a afirmação do primeiro relator do processo, Orlando Fantazzini (PSOL-SP), de que seu parecer pela cassação foi derrubado na quinta-feira passada graças a ?um acordão? entre PSDB, PFL, PP e PT. O placar de ontem repetiu o da semana passada: nove votos em favor de Henry e cinco contra. O novo relatório será votado pelo plenário da Câmara. Henry é o quinto na fila dos processados que aguarda a votação em plenário. Os outros quatro foram condenados pelo conselho.
O autor do segundo relatório, Carlos Sampaio (PSDB-SP), chegou ao conselho dizendo-se ?indignado? com as acusações de Fantazzini. Dois deputados do PFL, Edmar Moreira (MG) e Jairo Carneiro (BA), também cobraram que o deputado do PSOL dissesse claramente a quem se referiu quando falou no acordo para salvar Henry.
Sampaio considerou que não há provas de participação no ?mensalão?, como acusou o deputado cassado Roberto Jefferson. Fantazzini sustenta que Henry fazia parte do comando do PP e tinha conhecimento do acordo com o PT envolvendo distribuição de dinheiro de caixa 2. Fantazzini manteve a suspeita do ?acordão?, mas disse não ter citado nenhum integrante do conselho. ?Se o conselho entender que pratiquei algum ato que atente contra ele, estou disposto a responder a qualquer sanção?, propôs. ?A partir de hoje nós nos arranhamos, há uma cisão?, disse Edmar Moreira. O deputado do PFL levantou a suspeita de que Fantazzini condenou Pedro Henry para dar uma satisfação ao PSOL e não por convicção.
Fantazzini, ex-petista, negou. ?Quando fui designado relator, eu disse que meu partido me esfolaria, mas que eu não teria problema em pedir a absolvição se estivesse convencido. O deputado Chico Alencar foi esfolado pelo PSOL por ter votado a favor da absolvição do deputado Sandro Mabel. Nem o PT me botou cabresto, não será o PSOL?, respondeu Fantazzini.
