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Estudo do ajuste de células à disponibilidade de oxigênio leva Nobel de Medicina

Os pesquisadores William Kaelin, Gregg Semenza, ambos dos Estados Unidos, e sir Peter Ratcliffe, do Reino Unido, foram laureados na manhã desta segunda-feira, 7, com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina 2019 pela descoberta de como as células sentem e se adaptam à disponibilidade de oxigênio.

De acordo com os organizadores do prêmio, essa sensibilidade das células é central em um grande número de doenças. As descobertas feitas pelos três pesquisadores têm uma importância fundamental para a fisiologia e pavimentou o caminho para novas estratégias promissoras para combater, por exemplo, anemia e câncer.

“A descoberta seminal dos laureados deste ano revela o mecanismo de um dos processos adaptativos mais essenciais para a vida”, justificaram os organizadores do Nobel do Instituto Karolinska, da Suécia. “Eles estabeleceram as bases para nosso entendimento sobre como os níveis de oxigênio afetam o metabolismo celular e as funções fisiológicas”, dizem.

De modo resumido, é uma capacidade que permitiu a vida animal e a colonização de todo o Planeta Terra em diferentes altitudes.

O trio, em diferentes trabalhos ao longo das últimas décadas, desvendou os mecanismos que fazem com que as células se adaptem à disponibilidade de oxigênio no corpo. Por exemplo, quando há mudanças de altitude e diminui a oferta de oxigênio no ambiente ou quando fazemos exercícios físicos e os músculos ficam sem oxigênio.

“Outros exemplos desse processo adaptativo incluem a geração de novos vasos sanguíneos e a produção de novas células de glóbulos vermelhos. Nosso sistema imunológico e muitas outras funções fisiológicas são também têm uma sintonia fina com a maquinaria de sensibilidade ao oxigênio. Mostrou-se essencial até para o desenvolvimento do feto e do desenvolvimento da placenta”, afirma o Instituto Karolinska.

É esse mecanismo que age também quando há o crescimento de células tumorais. “Nos tumores, o maquinário que regula oxigênio é usado para estimular a formação de vasos sanguíneos e remodelar o metabolismo para uma efetiva proliferação das células cancerígenas”, explica o instituto. “Laboratórios acadêmicos e companhias farmacêuticas estão focados no desenvolvimento de drogas que possam interferir em diferentes status da doença, seja ativando ou bloqueando esse mecanismo.”

Os cientistas descobriram que as células sofrem mudanças nas expressões dos genes quando há uma mudança no nível de oxigênio ao redor deles. Essas mudanças na expressão dos genes alteram o metabolismo das células, os tecidos se remodelam e há inclusive mudanças nas respostas do organismo, como aumento no batimento cardíaco e na ventilação do corpo.

Os pesquisadores vão dividir o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 913 mil).

Laureados com o Nobel de Medicina 2019

– William Kaelin, nascido em 1957, é pesquisador do Instituto de Câncer Dana-Farber, professor da Escola de Medicina de Harvard e pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes.

– Peter Ratcliffe, nascido em 1954, é diretor de pesquisa clínica do Instituto Francis Crick, de Londres, e membro do Instituto Ludwig para Pesquisa sobre Câncer.

– Gregg Semenza, de 1956, é professor da Universidade Johns Hopkins e diretor do Programa de Pesquisa Vascular do Instituto de Engenharia Celular da mesma universidade.

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