A matança de elefantes na África causa grande impacto econômico nos países do continente, reduzindo as receitas com o turismo em US$ 25 milhões por ano. A conclusão é de um novo estudo internacional publicado nesta terça-feira, 1º, na revista científica Nature Communications.
De acordo com o estudo, as populações de elefantes da África foram dizimadas nos últimos anos, sofrendo uma redução de 30% entre 2007 e 2014. Outras pesquisas apontam que, nesse cenário, as espécies africanas de elefantes se encaminham para a extinção.
Segundo os autores do novo estudo, eliminar a caça ilegal de elefantes tem um custo alto, mas, com o fim da matança, os ganhos econômicos com o ecoturismo poderiam compensar esses investimentos, convertendo a proteção dos animais em uma estratégia economicamente viável.
No novo estudo, a equipe de cientistas liderada por Robin Naidoo, pesquisador da organização WWF Estados Unidos e da Universidade British Columbia (Canadá), usou modelos computacionais para demonstrar, em escala continental, os efeitos colaterais econômicos da caça ilegal de elefantes.
O modelo estimou a quantidade de receita turística gerada por cada elefante existente em 216 áreas protegidas espalhadas pela África. Os cientistas descobriram que os turistas tendem a visitar áreas protegidas quando os parques têm grande número de elefantes africanos.
A conclusão foi que, nos parques africanos, cada elefante a mais aumenta o número de visitas turísticas em 371%.
A perda de receita relacionada ao declínio do turismo nas áreas protegidas onde houve redução do número de elefantes foi estimada em US$ 25 milhões por ano. Segundo os autores do estudo, esse valor é substancialmente maior que os custos médios – calculados por outros cientistas – de implementação de iniciativas contra a caça ilegal.
Houve diferenças, no entanto, no cálculo para as diversas regiões da África. Os benefícios do turismo relacionado aos elefantes só ultrapassam os custos das medidas contra a caça ilegal nas regiões de savanas do leste e do sul do continente. Nas florestas da África central, onde é mais difícil observar os elefantes, a renda com o turismo está menos ligada à abundância dos paquidermes.
Escalas de valores
Enquanto a proteção dos elefantes poderia gerar uma receita suplementar de US$ 25 milhões por ano com o turismo, a matança desenfreada dos animais rende US$ 597 milhões anuais à indústria ilegal do marfim.
Ainda assim, os autores do estudo afirmam que a conservação dos elefantes – e o consequente aprimoramento do ecoturismo – ainda é uma alternativa economicamente viável, que só traria prejuízo aos caçadores ilegais e que traria renda e outros benefícios às comunidades locais.