Estudantes que ocupam a reitoria da Universidade de Brasília (UnB) desde o dia 3 consideram o anúncio de afastamento do reitor Timothy Mulholland por 60 dias e sua substituição pelo vice, Edgar Mamiya, uma manobra para forçá-los a deixar o prédio. "É uma manobra do reitor. Só vamos cogitar a desocupação quando o reitor sair definitivamente", disse o estudante de Letras, Eduardo Zanata, coordenador de Organização do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB.

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Para sair do local, os manifestantes exigem o cumprimento de 18 reivindicações discriminadas em documento entregue ao Conselho Superior da UnB. "Nada menos do que isso nos fará deixar a reitoria", diz Zanata. "A luta é contra a política de Timothy na administração da universidade, que inclui até corrupção. Queremos uma mudança da estrutura da UnB."

O Ministério Público Federal (MPF-DF) entrou com ação de improbidade administrativa contra o reitor por irregularidades no uso de verbas da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), vinculada à UnB, na reforma e decoração de seu apartamento funcional. O Tribunal de Contas da União (TCU) vem investigando as mesmas irregularidades.

O fato de a próxima assembléia do movimento estar marcada para segunda-feira (14) aponta a determinação dos universitários em permanecer no prédio. Segundo o coordenador de Assistência Estudantil do DCE, Sérgio Lopes, estudante de Biblioteconomia, a desocupação não será votada antes dessa data. "Só discutiremos nossa saída nessa assembléia", disse. "O afastamento é uma vitória parcial. Estamos dispostos a continuar aqui até a saída definitiva do reitor e do vice-reitor."

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Além disso, entre as reivindicações dos alunos está a mudança na forma de eleger a direção da universidade. Hoje, os votos de cada grupo têm pesos diferentes. Professores têm 70% de poder de voto, servidores e estudantes, 15%. Os jovens querem paridade. "As eleições hoje são antidemocráticas", critica Lopes.