Estudantes apostam em protestos como tema de vestibular

A estudante do 3.º ano Bia Carvalho, de 16 anos, diz que tem “quase certeza” que as manifestações ocorridas nas cidades brasileiras não ficarão de fora dos vestibulares. “Acho que vai ser o tema da redação de alguma prova”, diz ela, estudante do Colégio Equipe.

A chance de os manifestos serem abordados nas provas é realmente grande, segundo professores ouvidos pela reportagem. Mas, para eles, dificilmente haverá questões pontuais sobre o Movimento Passe Livre, os atos de vandalismo nas principais capitais ou brigas entre nacionalistas e partidos políticos.

“Os principais vestibulares nunca procuram estabelecer questões de momentos pontuais. O que pode acontecer é esses movimentos acabarem servindo como geradores de outras reflexões, aliando outros movimentos sociais que ocorreram pelo país e pelo mundo, como maio de 1968”, diz o professor Giba, diretor do Cursinho da Poli. “A recomendação é que se estude História do Brasil e movimentos estudantis. E seja capaz de fazer associações.”

O professor Edney dos Santos Gualberto, que leciona História no Colégio Albert Sabin, na zona sul de São Paulo, tem uma avaliação parecida. “Venho observando que, nos últimos anos, a prova da Fuvest tem formulado questões que partem de acontecimentos do presente para encontrar elementos do passado, isto é, relaciona momentos históricos que ainda transparecem no nosso presente”, diz ele. “Questões como o movimento anarquista e o marxismo do século 19 são ideias que ainda reverberam hoje e podem ser abordadas.”

Outra vez

De todo modo, com a ampliação de bandeiras dos movimentos pelo País todo, é quase improvável que mobilidade, problemas urbanos, movimentos sociais e mundo digital sejam ignorados pelas provas. Esses tem sido temas recorrentes, por exemplo, na Fuvest e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

No ano passado, por exemplo, o Enem teve questões sobre movimentos ocorridos em maio de 1968 e a campanha contra a Guerra do Vietnã. Na Fuvest, havia questões sobre a crise econômica na Grécia, tema bem atual, e itens sobre participação eleitoral da classe operária e democracia. Entre as alternativas, o texto dizia que “a sociedade será democrática” quando “sua base for a educação sólida do povo, realizada por meio da ampla difusão do conhecimento” ou “a desigualdade econômica for eliminada, criando-se a condição necessária para que o povo seja”. São textos que poderiam estar em cartazes de protesto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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