Estudante nega ter vazado tema de redação do Enem

O estudante Eduardo Ferreira Affonso Júnior, de 21 anos, negou a acusação de professores que o apontaram como responsável pelo vazamento do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Petrolina (PE).

“Eu estava chegando ao local da prova (a Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina, Facape), por volta das 11h15, quando ouvi um grupinho conversando que o tema da redação tinha vazado em São Raimundo Nonato (PI) e que seria algo sobre trabalho e escravidão”, conta o estudante, que pretende cursar Medicina.

“Tudo o que fiz foi ir a um professor perguntar sobre o tema, caso fosse verdade. Não tenho nada com isso. Tanto que, na hora de fazer a prova, vi que a informação era verdade, fiquei nervoso, mas desanimei. Pensei: ‘por que vou fazer essa prova se ela vazou e depois vou ter de fazer de novo?'”, afirmou. “No fim, demorei quase duas horas para fazer só a redação, que faria em menos de meia hora. Sempre escrevi bem. Sofri e continuo sofrendo com isso tudo. Queria fazer a prova de novo.”

O relato de Affonso Júnior contrasta com os de alguns dos professores do Colégio Geo, que frequenta, e alguns colegas e amigos na cidade. “Ele contou a um de nossos professores que tinha recebido um telefonema de um amigo do Piauí (de São Raimundo Nonato) dizendo que o tema seria esse”, conta a diretora da escola, Simone Cerqueira Ramos Campos.

“Acho que não é coincidência, não foi um tema tão debatido este ano nas aulas. Estamos desiludidos, porque preparamos os alunos com dedicação para, no fim, haver um problema desses. O sistema é muito frágil.”

O estudante Denis Rodrigues de Sá, de 21 anos, colega de cursinho de Affonso Júnior, afirma ter presenciado a conversa dele com os professores, antes do início da prova.

“Ele falou com muita convicção, como se soubesse mesmo o tema”, lembra. “Nem foi discreto, foi na frente de todo mundo. Tanto que, rapidinho, formou uma multidão ali.”

Segundo a estudante Nara Moura, de 19 anos, que se diz amiga de Eduardo, o telefonema entre uma pessoa – seria uma mulher – em São Raimundo Nonato e ele existiu. “Não sei porque ele agora fala que não partiu dele”, disse.

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