Estudante ameaçada de expulsão poderá estudar na França

A estudante brasileira Thais Moreira, de 20 anos, imigrante ilegal na França que recebeu aviso de expulsão ao solicitar sua regularização no país, ganhou o direito de permanecer provisoriamente em solo francês. A autorização foi dada pelo Ministério do Interior e foi informada à família pelas autoridades de Val-de-Marne, na periferia de Paris, que a autorizaram a “terminar seus estudos”.

A informação foi data à família e a professores de Thais no Liceu Suger, onde ela estuda, no último final de semana. Assinada pelo vice-prefeito de Polícia de Mal-de-Varne, Hervé Carrère, a autorização de permanência à brasileira valerá por seis meses. A partir de então, um novo pedido de renovação de visto terá de ser feito, sem garantia de residência no país, onde ela vive há cinco anos, com a mãe e os irmãos. “O prefeito de Val-de-Marne contatou o reitor nos informou que Thais está autorizada a ‘terminar seus estudos na França'”, confirmou uma das professoras da brasileira. “É um imenso alívio.”

A situação de Thais se complicou em 7 de março, duas semanas após solicitar a regularização na França. Até então, a jovem – como sua família – não dispunha de visto de permanência no país. Mas, vivendo há cinco anos em território francês, decidiu pedir a legalização. Ao contrário das expectativas, a resposta foi negativa.

Em razão de um período de férias no Brasil e da renovação de seu passaporte – o que na prática dividiu em dois o tempo de permanência no país, reduzindo-o a menos de cinco anos -, o Ministério do Interior francês entendeu que a jovem não preenchia os requisitos para a legalização. Uma carta formal, a Obrigação de Deixar o Território Francês (OQTF), lhe foi enviada, dando-lhe 30 dias para deixar a França.

A decisão gerou mobilização de colegas de classe, pais e professores da escola onde Thais estuda para se tornar fotógrafa. À mobilização, uniram-se duas ONGs, a Rede Educação sem Fronteiras (RESF), e a Federação dos Conselhos de Pais de Alunos (FCPA). Para Marlène Ley, a mobilização deverá ser retomada, porque o risco de expulsão da brasileira não está afastado por completo. “É necessário seguir de perto a situação de Thais”, entende a professora.

A situação de Thais chama a atenção de ONGs de defesa dos direitos humanos da França porque repete outro caso rumoroso, de 2013, quando uma família de imigrantes ciganos foi expulsa do país. Membro da família, a jovem Leonarda Dirani, de 14 anos, também estudante, foi buscada na escola pela polícia, antes de ser extraditada. Sua situação foi objeto de passeatas públicas em Paris e nas maiores cidades da França, mas não mudou o veredicto. Por ordem do presidente François Hollande, Leonarda teve o direito de residir no país reconhecido – mas não o de sua família. A jovem não retornou à França.

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