Sob solicitação dos Estados, a gestão Jair Bolsonaro ampliou ontem, 24, o envio de tropas federais para tentar conter os incêndios na Amazônia, além de acenar com a liberação de recursos bloqueados. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio da Força Nacional para ações de combate ao desmatamento em Pará e Rondônia. São dois dos seis Estados que já acertaram com o governo o envio das Forças Armadas, com base no decreto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Os outros são Roraima, Tocantins, Acre e Mato Grosso.

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O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, informou que o governo deve liberar até R$ 28 milhões como medida emergencial para apoio ao combate às queimadas. A Pasta tem previsto esse valor anual para emprego em GLO – mas os recursos estão contingenciados. Azevedo e Silva disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, se comprometeu a liberá-los. “Lógico que são recursos emergenciais que duram pouco. Eu fui responsável pela intervenção na Maré, no Rio. Era mais ou menos R$ 1 milhão por dia”, disse Silva. Ele destacou que todo o efetivo das Forças Armadas na Amazônia, de 43 mil homens, está disponível para o combate ao fogo, conforme solicitação dos Estados e do governo federal. Ontem, já começaram ações de contenção em Porto Velho com dois C-130 Hércules. As aeronaves podem despejar até 12 mil litros de água em cada ação.

Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que “há um saldo no Fundo Amazônia de mais de R$ 1 bilhão que vem sendo utilizado, inclusive no combate a incêndios”. Ele não esclareceu se haveria destinação específica para o momento. Outras quatro Air Tractor, do ICMBio, foram deslocadas neste sábado de Formosa (GO) a Porto Velho.

Deter

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Ainda sem a quantidade de homens que serão enviados, a portaria da Justiça que será publicada amanhã diz que o trabalho da Força Nacional será feito em apoio ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mas a tropa já enviou 30 bombeiros de Brasília para Porto Velho (RO) neste sábado, 24.

Os agentes foram deslocados para os locais de alerta do sistema Deter (Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O monitoramento do desmate por meio do sistema Deter, do Inpe, é alvo de questionamentos do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que o órgão divulgava dados mentirosos, diante da sucessiva publicação de números dando conta de aumento no desmatamento. A crise resultou na exoneração do presidente do instituto, Ricardo Galvão.

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Governadores

Os governadores de Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, em carta conjunta, pediram ontem ao presidente Jair Bolsonaro “imediatas providências” para viabilizar a cooperação das estruturas dos Estados da Amazônia Legal e do governo federal no combate a focos de incêndio na floresta.

O texto enfatiza a necessidade de uma reunião em caráter de urgência – Bolsonaro já acenou com visita à área – e diz que as medidas necessárias passam por “apoio material para o enfrentamento efetivo ao desmatamento” e incremento das ações de fiscalização. “A proporção das queimadas, a velocidade de alastramento do fogo, a dificuldade de acesso às áreas atingidas, bem como a insuficiência de meios – financeiros, humanos e materiais – para combater o fogo, potencializam o tamanho da destruição e a gravidade do problema.”

Outro consórcio de governadores que divulgou ontem uma carta conjunta foi o que reúne Sul e Sudeste. Dizem os chefes do Executivo que “auxiliarão, se necessário, com estrutura, tecnologia e recursos humanos para contribuir no controle de queimadas”. Na chegada à reunião, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que o Brasil “tem de recuar e ter humildade para reconhecer alguns erros”.

‘Está indo para normalidade’

O presidente Jair Bolsonaro disse no início da tarde de ontem, 24, que a média das queimadas na Amazônia está menor que em anos anteriores. “Está indo para normalidade essa questão”, disse ao deixar o Palácio da Alvorada para um almoço com o vice-presidente, Hamilton Mourão, no Palácio do Jaburu.

“A floresta não está pegando fogo como o pessoal está dizendo. O fogo é onde o pessoal desmata”, reiterou o presidente. Apesar de dizer que o trabalho já começou a ser feito contra focos de incêndio, ele reclamou da falta de recursos orçamentários. “É difícil ter recurso, tudo contingenciado. É o Brasil que eu peguei. Estamos em busca de fazer o melhor pelo meu país”, disse.

Bolsonaro chegou a dizer na conversa com jornalistas que teria conseguido R$ 40 milhões para ações de combate às queimadas neste momento. Ao ser confrontado com o desbloqueio de R$ 28 milhões da Defesa, o presidente disse apenas que “quem sabe é o ministro da Economia, Paulo Guedes”. “Não sei. Ontem se falou em R$ 38 milhões na reunião. Chega na hora, vai ver tem R$ 28, R$ 10, R$ 5, R$ 1.”

Quando questionado se o governo não demorou a agir, o presidente destacou o tamanho da Amazônia para falar da dificuldade das ações e das necessidades dos seus 20 milhões de habitantes, que dependeriam de incentivo do Estado. “A Amazônia é uma área maior que a Europa. Se eu tivesse 10 milhões de pessoas, não conseguiria fazer a prevenção.”

Manobra

E voltou a dizer que alguns incêndios são espontâneos e outros possivelmente “criminosos”. Bolsonaro destacou também que 14% da área amazônica é de reserva indígenas e muitas vezes esses povos ficam em meio ao “lobby do bem e do mal”. “Como conseguiram demarcar tanta terra? Índio é massa de manobra.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.