De 1º de janeiro de 2015 até 19 de janeiro de 2016 – portanto, no intervalo de um ano e 19 dias – foram registrados 166 casos de microcefalia no Estado do Rio de Janeiro. O dado foi divulgado nesta quarta-feira, 20, pela Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde. Dos 166 casos, 133 são de bebês já nascidos e os outros 33 são referentes ao período intrauterino.

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Por causa do novo protocolo de vigilância adotado pelo Ministério da Saúde, que caracteriza a microcefalia quando o bebê tem perímetro cefálico menos ou igual a 32 cm, a Superintendência de Vigilância Epidemiológica revisou os casos registrados no Estado para identificar as notificações que se enquadram na nova definição. Para fins de vigilância, os casos com nascimento até maio de 2015 e que não se encontram dentro dessa definição foram excluídos, o que impede a comparação com o mesmo período de anos anteriores. A data definida para exclusão leva em conta a época do início da circulação do vírus zika no Estado do Rio de Janeiro.

Dos 166 casos, 55 mulheres relataram histórico de manchas vermelhas pelo corpo ao longo da gravidez. Desde 18 de novembro de 2015, quando se tornou obrigatória no Estado do Rio a notificação de gestantes com manchas vermelhas na pele (exantema), já foram notificados 2.516 casos de grávidas com exantema. Até o momento, 113 tiveram a confirmação de zika vírus, mas ainda não há confirmação se os fetos apresentam microcefalia. O resultado positivo para zika vírus não configura a existência de microcefalia.

Segundo a Subsecretaria de Vigilância em Saúde, desde junho de 2015, quando se tornou obrigatória a notificação de casos de síndromes neurológicas agudas com histórico de manchas vermelhas (exantema) no Estado do Rio, foram notificados 13 casos da Síndrome de Guillain-Barré, sendo que 7 deles possuem relato de exantema, 4 seguem em processo de investigação e 2 foram descartados.

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Zika e microcefalia

O zika vírus foi descoberto na década de 1940 em Uganda e identificado nas Américas apenas no ano passado. A doença é transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue, e causa febre, manchas pelo corpo, coceira, além de dor de cabeça, muscular e nas articulações. O tratamento é hidratação e medicamentos para combater os sintomas, e geralmente o paciente fica curado entre quatro e cinco dias.

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Por ser uma doença nova, ainda não há evidências científicas que comprovem a relação entre o vírus em gestantes e o nascimento de crianças com microcefalia. Por precaução, recomenda-se que mulheres grávidas reforcem medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar exposição em locais e períodos de maior atividade do mosquito.

A microcefalia caracteriza-se quando o bebê nasce com o crânio menor do que o tamanho considerado normal. Na maioria dos casos resulta de alguma infecção adquirida pela mãe durante a gravidez, como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, além de abuso de álcool e drogas ou em caso de síndromes genéticas como a síndrome de down. Não há como reverter a microcefalia, mas é possível melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança.