Está criada a ?CPI das sanguessugas?

Com o apoio da maioria dos líderes partidários (12 votos a um), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anuncia hoje a criação da CPI dos Sanguessugas que irá investigar o desvio de recursos do Orçamento da União para a compra fraudulenta de ambulâncias. A decisão de criar a CPI foi tomada depois de reunião com os líderes partidários. A nova CPI, que será mista, irá funcionar apenas 30 dias, prorrogável pelo mesmo período.

O esquema de compra fraudulenta de ambulâncias foi descoberto pela Polícia Federal e envolve deputados, senadores e assessores parlamentares. Na reunião com Renan Calheiros e o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), apenas o PP mostrou-se contrário à criação da CPI das Sanguessugas. O ex-líder da legenda deputado Pedro Henry (MT) é um dos investigados pela Polícia Federal.

Renan Calheiros deverá ler amanhã, em sessão do Congresso, o requerimento com a proposta de instalação da comissão parlamentar de inquérito. O presidente do Senado deu o prazo até hoje à tarde para que os partidos que não participaram da reunião se manifestem sobre a CPI. Estavam ausentes os líderes do PCdoB, do PTB, PSDB e PT. ?Vamos tomar providências para que a CPI não se transforme em um palco midiático?, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos autores da proposta de criação da CPI das Sanguessugas.

A nova Comissão vai aproveitar as investigações que já estão sendo feitas pelo Ministério Público e a Procuradoria Geral da União. Um dos nomes cotados para ser relator ou presidente da CPI é o do deputado Roberto Magalhães (PFL-PE). ?Temos de encontrar um presidente e um relator que não estejam em busca dos holofotes?, observou o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

A operação desencadeada pela Polícia Federal abriu mais de 140 inquéritos sobre 76 municípios, envolvendo mais de mil ambulâncias, que custavam em média R$ 100 mil. O esquema tinha integrantes que atuavam em prefeituras, no Ministério da Saúde e dentro do Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados chegou a instalar uma comissão de sindicância na Corregedoria da Casa, mas, depois de um acordo entre os presidentes do Senado e da Câmara e o procurador-geral da República, as investigações passaram a aguardar os trabalhos do Ministério Público Federal.

O relatório da Justiça Federal que foi enviado ao Congresso citava o nome de 65 parlamentares, sendo um senador, 62 deputados, o ex-deputado Rovinon Santiago e um suplente. Nenhum envolvimento havia sido comprovado pelas investigações anteriormente.

O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, pediu a abertura de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) contra 15 parlamentares suspeitos de envolvimento na Operação Sanguessuga. De acordo com nota do MP, Fernando Souza identificou indícios da participação desses parlamentares em crimes de fraudes em processos licitatórios, corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Terça-feira, o STF autorizou o pedido do procurador-geral. A autorização foi dada pelo ministro Gilmar Mendes. 

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