Brasília (AG) – Às vésperas da reunião ministerial, a última do ano, a ala mais à esquerda do PT divulgou, nesta quinta-feira, um documento denominado "Carta aos Petistas", pedindo mudanças na política econômica, mais participação popular nas decisões de governo e a retomada do diálogo com os movimentos sociais.
Entre os petistas que participaram do lançamento do documento, resultado de uma reunião realizada no início da semana em São Paulo, estavam os deputados Dr. Rosinha (PT-PR), João Alfredo (PT-CE), Chico Alencar (PT-RJ) e Walter Pinheiro (PT-BA).
Na carta, os petistas dizem que o "governo federal, encabeçado pelo companheiro Lula, atua em condições muito difíceis" e que "será necessário muito tempo e conflito para superar o estrago deixado por uma década de hegemonia neoliberal e duas décadas de ditadura militar". De acordo com a carta, é preciso "muita firmeza estratégica e flexibilidade tática para sobreviver e superar as ameaças do imperialismo norte-americano. Será necessária muita luta política e ideológica para alterar uma correlação de forças ainda favorável ao conservadorismo e ao continuísmo. Será necessária muita capacidade política, administrativa e técnica para enfrentar as dificuldades inerentes a governar um país como o Brasil".
Os parlamentares dizem estar entre "aqueles que lutam pelo sucesso do governo Lula" para derrotar a hegemonia do neoliberalismo e impedir o retorno ao poder das "forças que foram derrotadas nas eleições de 2002 e que ainda mantêm espaços importantes em nosso governo federal".
Segundo a nota, "em 2005 estará em jogo não apenas o resultado das eleições de 2006, mas o destino do Brasil e do PT, ao menos pelas próximas décadas". Mas para que o país dê passos importantes em direção à igualdade social, o documento diz ser necessário que 2005 seja diferente de 2003 e 2004.
"Derrotar o PSDB, a velha e a nova direita, o grande capital e seus aliados nacionais e internacionais exigirá uma mudança na orientação seguida por nosso partido e por nosso governo", diz o documento. Os petistas afirmam ainda que não há como ficar indiferente a um fenômeno marcante nesta última eleição municipal: "a perda do essencial ânimo militante petista em muitos pontos do país e o crescimento da apatia social".