O esquema de superfaturamento e licitações irregulares constatado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) dentro da Infraero começou no Paraná, através de uma rede de pagamentos de mensalão para diretores da estatal em troca de contratos publicitários para os aeroportos brasileiros. É o que mostra a edição desta semana da revista IstoÉ, que relata que uma vasta documentação, que inclui contratos, cópias de recibos, depósitos bancários e arquivos de computador, está em poder da Polícia Federal (PF) do Estado comprovando o esquema.
Os documentos foram entregues pela empresária Sílvia Pfeiffer, que trabalha com obras e veiculação de publicidade nos aeroportos brasileiros, e que teria financiado o mensalão. A empresária curitibana estaria disposta a comparecer a uma CPI para detalhar tudo o que sabe, afirma o texto do repórter Hugo Marques.
Em sua ?notícia-crime? à PF, Sílvia revela que seus contratos no Aeroporto Afonso Pena foram obtidos à custa do pagamento de uma mesada aos diretores da Infraero, uma contrapartida exigida para contratar os serviços da empresa de Sílvia, a Aeromídia. A propina, no entanto, não se limita ao aeroporto de Curitiba. A Aeromídia atua em vários estados e em todos o esquema é semelhante. Em Brasília, por exemplo, a Infraero criou uma situação irregular para veicular, com intermediação da Aeromídia, anúncios feitos pelo publicitário Duda Mendonça, marqueteiro da primeira campanha de Lula.
A entrada de Sílvia no esquema da Infraero recai sobre o ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi (DEM). A empresária tinha dificuldade para obter alvarás de funcionamento para veicular seus anúncios, quando foi procurada pelo então secretário de Urbanismo da Prefeitura, Carlos Alberto Carvalho, que propôs se tornar sócio da Aeromídia para liberar os alvarás. Com a entrada de Carvalho, a empresa passou a emitir notas frias e fechar contratos irregulares, se tornando sede de reuniões da campanha de reeleição de Cássio Taniguchi. Sílvia entregou à PF planilhas que demonstram uma arrecadação de R$ 20 milhões, através da Aeromídia, para o caixa 2 da campanha.
O caixa 2 prosperou para um esquema que sobreviveu à saída de Cássio da Prefeitura e se transferiu para a Infraero. Segundo Sílvia, Carlos Alberto Carvalho passou de ?corrupto a corruptor?, enviando dinheiro para os diretores da estatal. A lista de beneficiários da mesada conta com o atual superintendente da Infraero no Paraná, Antônio Felipe Barcelos; o ex-superintendente em Alagoas e Paraná, Mário de Ururahy Macedo Neto; o gerente comercial do Afonso Pena, Arlindo Lima Filho; o superintendente de Logística e Carga da Infraero, Luiz Gustavo da Silva Schild; o diretor de Administração da Infraero, Marco Antônio Marques de Oliveira, chegando até o ex-presidente da estatal, deputado Carlos Wilson (PT-PE).