Especialistas que acompanham o combate à febre amarela no País defenderam ontem um esclarecimento sobre os eventos adversos da vacina contra a doença fabricada por Biomanguinhos, laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e principal fornecedor do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O ex-coordenador de doenças transmissíveis do Ministério, José Ricardo Pio Marins, acusou a cúpula da Saúde de não reconhecer que os 45 casos atuais de febre amarela representam epidemia, de não adotar ações de controle e de ignorar possíveis efeitos adversos da vacina nacional, fabricada por Biomanguinhos.
"Não tenho posição formada. A ocorrência dos casos de reação, apesar de mais alta que de outra vacina usada no Brasil, está dentro do que é considerado normal. De qualquer maneira, o melhor é que não tivesse reação adversa, seria bom que estivesse mais baixa ainda", disse o presidente da Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação da Vigilância em Saúde, Carlyle Guerra de Macedo, ex-diretor da OMS, que recebeu documentos de Marins. Macedo afirmou que solicitará esclarecimentos pessoalmente à diretoria de Biomanguinhos.
De acordo com o Ministério, foram aplicadas 9.228.630 doses de vacinas de dois fabricantes de dezembro até março de 2008 e confirmados oito eventos adversos graves (cinco óbitos e três de choque anafilático). Não foram informados quantos casos de reações ocorreram com a vacina da Fiocruz.