Espanha lidera ranking de deportados no Brasil

Com 24 turistas rejeitados, a Espanha lidera o ranking de viajantes mandados de volta para casa ao desembarcarem em aeroportos brasileiros, desde a quinta-feira, quando o Brasil começou a aplicar o princípio da reciprocidade com países que estariam barrando brasileiros. O Ministério da Justiça e a Polícia Federal (PF) informaram, porém, que não há qualquer propósito de retaliação e que as rejeições são comunicadas "com respeito" e sem submeter os estrangeiros a detenções ilegais, ofensas ou maus tratos.

A maior parte das recusas em solo brasileiro, conforme balanço do Setor de Imigração da PF, ocorreu no Aeroporto Internacional de Salvador Deputado Luís Eduardo Magalhães, onde 15 espanhóis tiveram de retornar. O primeiro grupo, de sete, foi barrado na noite do dia 6, outros cinco foram impedidos de desembarcar no sábado e na noite de ontem, mais três foram proibidos de entrar. O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão mandou de volta sete espanhóis que haviam desembarcado na segunda-feira. Houve ainda uma rejeição no Rio Grande do Norte, domingo, e uma no Ceará, ontem.

Desde a semana passada, quando eclodiu a crise migratória com a Espanha, o Brasil impediu a entrada de 33 estrangeiros de países que seriam rigorosos com viajantes brasileiros, entre os quais Estados Unidos, Itália e Portugal. O Ministério da Justiça avalia se os "abusos" cometidos pela imigração espanhola e de outros governos da União Européia (UE) contra brasileiros caracterizam violação de direitos humanos para decidir se é o caso de formalizar uma queixa na Organização das Nações Unidas (ONU).

Na maior parte, os brasileiros rejeitados são jovens em busca de oportunidade de trabalho nesses países e mulheres atraídas por redes internacionais de prostituição, mas as barreiras nacionalistas montadas nesses países receptores produziu preconceitos e generalizações. O tráfico de seres humanos movimenta cerca de U$ 9 bilhões por ano no mundo, segundo levantamento do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), com o qual o governo brasileiro mantém parceria desde 2004 para combater esse tipo de crime. O Brasil, ao lado de Rússia, Malásia e países do leste europeu, está entre os maiores fornecedores de matéria-prima desse mercado.

Mulheres

São milhares de pessoas recrutadas para trabalho degradante, principalmente mulheres exploradas por máfias de prostituição. Mais de 60% das brasileiras exploradas por redes internacionais são recrutadas em Goiás e Mato Grosso, atraídas por promessas de casamento ou de emprego. Na Europa, os principais destinos delas são Espanha, Portugal e Itália.

O cerco à imigração ilegal, todavia, tem atingido indistintamente os viajantes brasileiros, causando mal-estar diplomático e um clima negativo nas relações do Brasil com países do continente europeu. A análise dos dados para subsidiar a posição do governo brasileiro foi pedida pelo secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, à Divisão de Direitos Humanos da PF.

Para Tuma Júnior, a repressão de espanhóis e europeus a viajantes brasileiros é injusta e unilateral, pois toda quadrilha desmantelada até agora tem estrangeiros entre os membros ou chefes. A última delas, desarticulada pela PF há duas semanas no Mato Grosso, prendeu seis suspeitos de envolvimento com aliciamento de mulheres para fins de prostituição na Espanha. Um dos presos era espanhol, acusado de ser responsável pela escolha das mulheres e pagamento à rede de aliciadores brasileiros.

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