As 13 escolas do grupo especial do Rio, que começaram a desfilar ontem, afirmam ter investido R$ 59,2 milhões na produção do show. Determinada a conquistar o tetracampeonato, a Beija-flor de Nilópolis diz ser a mais rica da avenida, com um gasto de R$ 7 milhões no enredo sobre a realeza africana. A Império Serrano é a mais modesta, tendo aplicado R$ 3 milhões em tema de cunho social, que dá valor às diferenças.
Pagamento de artistas, material importado, movimentos, iluminação e efeitos especiais são os quesitos que mais consomem recursos. Também pesam na conta a distribuição de fantasias à comunidade e os custos de manutenção da fábrica do samba.
?A exigência de um espetáculo grandioso com gastos fabulosos é um caminho sem volta. Mas ainda acho que o que conta é o chão da escola, seus componentes?, afirma o diretor de carnaval Laíla, que estima um aumento de R$ 1,2 milhão em relação ao ano passado.
O presidente administrativo da Grande Rio, Hélio Ribeiro de Oliveira, tem tudo na ponta do lápis. Pelos seus cálculos, o pagamento de um carnavalesco varia entre R$ 150 mil e R$ 200 mil por ano. O de um intérprete, R$ 100 mil. Iluminação e efeitos consomem R$ 200 mil.
O abre-alas da escola, que traz uma laranjal, é um dos que mais consumiram watts.
A escola também investe na tecnologia para minimizar possíveis erros. Os diretores de harmonia vão acompanhar o desfile por palm tops (computadores de mão). ?Somos uma escola de vanguarda. Mas reciclamos muito material. Até paetê é reaproveitado?, conta Hélio.
O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, não se intimida: ?O que faço com quatro mil, outros não fazem com cinco. O segredo é saber negociar na hora da compra?.
Recém-chegada ao grupo das grandes, a Estácio de Sá passou de um orçamento de R$ 250 mil, quando subiu do Acesso A, para atuais R$ 3,7 milhões. O improviso e a utilização de materiais alternativos ficaram no passado.
?O carnavalesco que acha que pode disputar título com alegoria de garrafa PET vai fazer Carnaval no Grupo A.
Se o espetáculo continuar nesse nível de exigência, o Carnaval vai se tornar inviável para as escolas que não tenham patrocinador?, teme o diretor de carnaval, Marcos Aurélio Fernandes. Hoje, a escolha de materiais alternativos está mais ligada ao efeito estético do que ao barateamento.
O carnavalesco da Estácio, Paulo Menezes, usou 600 mil chicletes para fazer uma Estátua da Liberdade.
Na Viradouro, Paulo Barros subverteu a ordem, criando um castelo com 150 mil cartas de baralho. O surpreendente é que a alegoria está de cabeça para baixo.