Após muita discussão e polêmica, os vereadores de São Paulo barraram, na semana passada, a inclusão de metas de promoção e debate de igualdade de gêneros nas escolas da rede municipal. Na direção oposta, colégios particulares apostam há tempos na temática, que nos últimos dois anos ganhou nova abordagem por causa das mudanças tecnológicas. Antes baseadas na questão biológica, hoje as aulas estão mais focadas nos aspectos sociais e comportamentais.

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“A escola é o primeiro lugar onde a criança vai se relacionar socialmente e onde começará a sentir interesse sexual. Para os pais, é difícil saber qual é esse momento, mas para os educadores não. Nós estamos com eles e sabemos quando esse interesse surge e como orientá-los”, diz Paula Lima Lotto, coordenadora pedagógica do Colégio Renovação, que tem aulas de educação sexual a partir do 6.° ano, quando os alunos têm 11 ou 12 anos.

No Colégio Eduque, as aulas começam um pouco mais cedo, no 5.º ano. “A abordagem é guiada pela curiosidade dos alunos. Nunca respondemos mais do que eles perguntam nem de uma forma que não possam assimilar completamente”, afirma a coordenadora Lucelena Souza. Conforme o debate se desenvolve, algumas atividades são propostas, como colocar camisinha em uma banana.

Durante as aulas, os estudantes podem colocar suas dúvidas de forma anônima, colocando-as em uma caixa. “No começo, eles fazem as perguntas de forma grosseira, com palavrões, porque é como veem na tevê e na internet. Conforme o assunto é desenvolvido e fica mais natural, ele passam a se comunicar melhor”, conta Lucelena.

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As dúvidas dos alunos, segundo as orientadoras, são variadas e vão desde questões sobre as mudanças do corpo na puberdade (por que os seios crescem, o surgimento de pelos e como a voz engrossa) até dúvidas comportamentais (como contar aos pais sobre as primeiras experiências sexuais e o que significa ser virgem).

A principal preocupação, de acordo com os educadores, é sanar as dúvidas e mostrar que sexo faz parte do cotidiano e, assim, evitar situações de violência e bullying nas escolas.

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Internet

Recentemente, a preocupação também se voltou para os problemas que surgiram com o fato de os adolescentes estarem cada vez mais conectados. No Colégio Dante Alighieri, as aulas têm foco no respeito ao corpo, na importância da privacidade e nas consequências da exposição excessiva. “Essa geração lida com a internet como algo imprescindível, que tem de estar presente em todas as horas, até nas mais íntimas. Eles não entendem que a exposição pode ter consequências para a vida toda”, diz Elenice Ziziotti, coordenadora do Serviço de Orientação Sexual.

Segundo Elenice, uma preocupação constante entre os pais é com a produção e a divulgação das chamadas “nudes selfies”, que são fotos ou vídeos íntimos. “Os pais têm muito medo de que isso aconteça (a divulgação das imagens), mas não sabem como abordar o assunto. Os jovens precisam ter pessoas de confiança para tirar as dúvidas. Caso contrário, vão procurar as respostas na internet.”

Diversidade

No Colégio Bandeirantes, as aulas também começam no 6.º ano, em grupos de debates mediados por professores, e se aprofundam com o passar das séries. “Para os mais novos, falamos sobre as mudanças do corpo. Depois, deixamos que eles mesmos proponham os temas”, conta Maria Estela Zanini, coordenadora do programa de educação sexual.

Os alunos do 9.º ano, por exemplo, escolheram a transexualidade. Lara Almeida, de 13 anos, diz que foi importante se aprofundar em um assunto que é pouco abordado. “As pessoas nunca falam sobre transexuais ou homossexuais, a não ser para criticar. Achei legal entender porque algumas pessoas não se identificam com o que é considerado normal pelos outros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.