Escolas da rede estadual de ensino começaram o ano letivo com salas superlotadas, segundo relato de professores e estudantes. Lista de chamadas tinham até 85 matriculados. A Secretaria Estadual da Educação afirmou que a distribuição dos alunos por turma está sendo ajustada nos primeiros 15 dias de aula de acordo com a demanda.
Na Escola Estadual Veridiana Camacho Carvalho, no Jardim Brasil, zona norte da capital, alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no entanto, tiveram dificuldades para iniciar o ano letivo na semana passada.
Segundo eles, as carteiras ficavam espremidas em salas pequenas, com pouca ventilação. Parte dos estudantes tinha de ficar no corredor. Havia turmas com 80 alunos.
“Eu não consegui ficar e fui embora”, reclamou o marceneiro Eduardo Luiz de Oliveira, de 55 anos, que estuda à noite. “Não dá para prestar atenção com aquele tanto de gente”, disse. Ele afirmou que não desiste porque acredita que alguns alunos vão abandonar a escola já nas primeiras semanas.
Funcionários da escola afirmaram que o problema já foi resolvido com o desmembramento de turmas. Ainda há, no entanto, reclamações de classes cheias nesta semana. “Ontem (9), minha sala tinha quase 50 pessoas”, contou o comerciante Edson Natalio, de 25 anos, também do EJA noturno. “Era um calor horrível. Disseram que iam resolver depois do carnaval, mas já tinha de começar direito.”
A secretaria sustenta que a informação de superlotação na escola Veridiana Camacho Carvalho é equivocada. Segundo a pasta, a escola tem cinco novas turmas neste ano e duas foram criadas ainda ontem, a partir da demanda apresentada.
Redução
Levantamento parcial feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostrou que 3.017 salas foram fechadas entre 2014 e este ano. Para a entidade, esse é o principal motivo das classes cheias. O número não é confirmado pela secretaria.
De acordo com a presidente da Apeoesp, Maria Isabel Noronha, a maioria dos casos de redução da quantidade de salas e de superlotação é no ensino médio e no turno da noite. Na capital, diz ela, o problema é maior na periferia, principalmente na zona leste. “O número de alunos por professor tem impacto direto na qualidade do ensino”, disse Maria Isabel. O desmembramento de salas somente após o começo do ano letivo, segundo ela, atrapalha a atribuição de aulas para cada docente.
“No ano passado, a secretaria teve problemas com falta de professores no início do ano”, disse Maria Isabel. A Apeoesp continua fazendo o levantamento sobre a suposta redução do número de turmas.
Em nota, a SEE afirmou que “as listas são iniciais e levam em consideração, até mesmo, matrículas de alunos que já estavam na escola no ano anterior e são alteradas de acordo com a presença dos estudantes nas escolas e as mudanças solicitadas, atendendo ao módulo previsto”. Informou ainda que a readequação do número de salas de aula é rotina no início do ano.
“Somente no primeiro dia de aula da rede estadual, 18 mil novas matrículas foram efetuadas. Em 2014, nos primeiros 15 dias de aula, mais de 290 mil estudantes se movimentaram na rede, número que inclui novas matrículas e transferências”, afirmou. A pasta também afirma que a Apeoesp se equivoca ao fazer um levantamento antes do término deste período.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.