Escândalo arrebenta com Lula e o PT

Brasília – O estrago político e a fragilização do governo Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, a um ano e meio das eleições, são inevitáveis. Mas cientistas políticos, governadores e parlamentares da oposição e do governo concordam que não haverá risco de uma crise institucional com o funcionamento da CPI mista dos Correios e a apuração de denúncias de esquemas de corrupção envolvendo aliados políticos, como o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ).

Nos últimos dias, os líderes do PSDB e do PFL se esforçam para derrubar o discurso governista de que a CPI vai tentar tocar fogo no governo e se transformar em palanque eleitoral. "Não é espírito do PSDB querer crise institucional, que possa acarretar prejuízos para o país na área econômica ou mesmo na área política, com conseqüências mais agudas. Nosso desejo é que haja uma investigação localizada e que o presidente Lula cumpra democraticamente até o fim o mandato para o qual foi eleito", diz o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG).

O governador do Acre, o petista Jorge Viana, um dos conselheiros do presidente Lula, diz que, diante do fato consumado, chegou o momento de o governo desmistificar as CPIs e mostrar que não teme as investigações. Na sua opinião, a crise que o governo Lula já enfrenta agora não é institucional, mas política e começou com a derrota do PT na eleição para a mesa da Câmara.

"A crise é anterior à CPI. Vem desde a vitória do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara. E ela ocorre porque estamos lidando mal com nossos aliados e com o Congresso. Temos de tomar uma certa dose de humildade para colocar o trem nos trilhos novamente", aconselha. "O governo percebeu muito tarde os problemas com a base e subestimou essas dificuldades. Quem trabalha na base do fisiologismo não pode ficar só na promessa", diz o cientista político David Fleischer, da ONG Transparência, Consciência e Cidadania.

Um dos fundadores do PT e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o sociólogo Francisco de Oliveira, o Chico, diz que não vê saída para o presidente Lula e o PT capaz de reduzir o desgaste político com a CPI. Ele prevê um término de governo medíocre, uma reeleição complicada, mas com a economia funcionando bem e sem riscos de crise institucional.

"Toda a ação do PT daqui para a frente será em vão. A opinião pública está convencida de que o governo é ruim e os atos de corrupção serão debitados na conta do PT e do governo, em função da armação ilimitada de alianças. Roberto Jefferson é um personagem secundário e o chumbo grosso irá para cima do governo. Esta crise está mostrando como são ineptos os políticos do PT, que sempre se acharam os gênios da raça. O próprio Lula, sempre que entra para resolver uma crise, piora. É um comportamento bisonho, patético", critica Chico Oliveira.

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