Eros Grau se irrita e abandona sessão do STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) teve nesta quinta-feira (18) um novo episódio de conflito durante uma sessão. Desta vez, o protagonista foi o ministro Eros Grau, que abandonou o plenário em meio ao julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra uma lei de Minas Gerais que efetivou, sem concurso público, servidores da defensoria pública. Em determinados momentos do julgamento, vários ministros discutiam, ao mesmo tempo, a ação ao microfone. Eros Grau, relator da ação, tentava esclarecer sua proposta para o julgamento e era constantemente interrompido pelos demais colegas. "Eu não tenho mais nada a declarar enquanto for interrompido", disse.

Os ministros fizeram silêncio e ouviram a proposta de Eros Grau. Depois, voltaram a discutir desordenadamente. O ministro levantou-se e deixou o plenário sob os apelos do ministro Marco Aurélio: "Permaneça no plenário, ministro. O senhor é o relator. Não vamos poder prosseguir". O ministro Carlos Alberto Direito foi atrás de Eros Grau e o convenceu a retornar ao plenário. Na sala de lanches, colada ao plenário, o ministro não chegou a ouvir a crítica da presidente do STF, Ellen Gracie. "Essa é uma casa de debates, uma casa em que se faz necessário esgotar os argumentos para chegarmos a boas conclusões".

De volta, Eros admitiu ter errado ao ter deixado o julgamento. "Me permita uma expressão: ainda bem que minha mãe já se foi. Se ela estivesse assistindo isso hoje, quando chegasse em casa, levaria uns tapas por ter sido mal-educado. Mas não fui sozinho." Mesmo com o retorno de Eros Grau, o julgamento foi novamente suspenso. Ele começou ontem, foi rapidamente interrompido por uma das defensoras públicas de Minas ameaçadas de perder o emprego e retornou hoje. O caso voltará à pauta do plenário na próxima semana.

Desde agosto, durante o julgamento do mensalão, o clima no Supremo tem sido de rispidez entre alguns ministros. Na época, os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia discutiam, pelo computador, a divisão do STF em grupos. O diálogo foi divulgado, o que gerou mal estar entre os demais membros da Corte. Há três semanas, os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes trocaram acusações no plenário durante um julgamento que até o momento não foi retomado.

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