Ermírio: como Collor, Ciro explode

Rio

  – O empresário Antonio Ermírio de Moraes, há 53 anos à frente do Grupo Votorantim, maior grupo industrial privado do País, diz que não teme o Brasil governado por Ciro Gomes ou Lula. “Não temo. Mas também não desejo”, afirma. Ele diz que ficou feliz com o acordo entre o Brasil e o FMI, mas se Lula e Ciro Gomes forem para o segundo turno, vai ser difíicil escolher o melhor governante. Seu candidato à Presidência, José Serra, anda em desvantagem na corrida eleitoral. O empresário ressaltou que o candidato Lula está diferente, mas não mudou em sua essência.

Ele disse também que acha Ciro Gomes parecido com Fernando Collor desde 1998. Sobre o acordo com o FMI, Antonio Ermírio diz que “foi tão bom que superou minhas expectativas. Esperava a metade dessa cifra. É um dinheiro importante para o país. Não resolve os problemas da economia, mas ajuda muito.” Ele não acha que é ruim pedir dinheiro ao FMI e atribui a rapidez com que o Fundo negociou com o Brasil, ao Plano Real. A Argentina, por exemplo, ainda não conseguiu fazer um acordo com o FMI.

Para Ermírio, o ponto fraco do governo de FHC é que o Brasil cresceu pouco e há muito desemprego. “O governo também deveria ter prestigiado mais a agricultura. O Brasil tem muita terra para plantar e 20% da água do mundo. Faltou incentivo”, disse. Ele acha que o Plano Real favoreceu muito os bancos em detrimento da indústria. “Os números estão aí para provar. Não tenho nada contra a área financeira. Mas a indústria brasileira está parada”.

Sobre o candidato José Serra (PSDB), a quem Ermírio declarou o voto, o empresário disse que “é o mais competente de todos”. Segundo ele, “tem conhecimento, é seguro e flexível. Ele mede as palavras antes de pronunciá-las. Mas acho que precisa saber andar mais nas ruas, ter mais contato com o povo. O discurso dele ainda não atingiu as massas”. Sobre Ciro, mede as palavras. “Ciro foi prefeito e governador. Nunca ouvi nenhuma denúncia contra suas administrações”. Mas critica o temperamento do candidato. “Ciro precisa aprender a contar até dez antes de falar. Ele explode com muita facilidade. Ciro nos agrediu quando soube que eu, Olavo Setúbal e outros tivemos um encontro com o presidente. Saiu dizendo que aquilo era uma reunião da Oban. A Oban era uma operação de bandidos”.

E sobre Lula, diz que Lula foi convidado pelo empresário da Folha de S.Paulo para um almoço. Levantou e foi embora depois que ouviu duas perguntas duras. “Isso é inadmissível em um homem público. Mostra que Lula pode usar gravata francesa, mas não mudou em sua essência. Um presidente não pode ter esse comportamento”, conclui.

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