As equipes que atuam no combate à fumaça provocada pela queima de uma carga de nitrato de amônio, no município de São Francisco do Sul (SC), esperam alcançar o foco da reação química em cerca de quatro horas. De acordo com o comandante João dos Santos Júnior, que coordena os 70 bombeiros voluntários que integram a força-tarefa, formada também por bombeiros militares, Defesa Civil, polícias Civil e Militar e Exército, o trabalho está é prejudicado pela mudança na direção do vento na região, que leva a fumaça para diferentes lugares e a distâncias maiores.
“É uma operação bastante complicada, primeiro por se tratar de uma situação em que há desprendimento de vapores químicos asfixiantes. Todo o cuidado é necessário para evitar danos à saúde da população e ao ambiente. Além disso, a mudança na direção do vento dificulta o trabalho das equipes”, disse à Agência Brasil.
Ele lembrou que a divulgação da informação de que a fumaça é tóxica criou grande pânico, e parte da população, de 42 mil habitantes, deixou a cidade do litoral norte de Santa Catarina. A Defesa Civil informou que o nitrato de amônio é uma substância oxidante e não tóxica, mas que mesmo assim pode causar reações no organismo humano.
O principal sintoma após inalação da fumaça é irritação na garganta, segundo ele. “As pessoas também podem ter náusea, vômitos e até edema de glote. Estamos orientando a população a procurar uma unidade de saúde assim que sentir qualquer um desses sintomas”, acrescentou. Atendimentos médicos estão sendo realizados no Hospital Nossa Senhora da Graça.
O comandante João dos Santos Júnior informou que o material químico está sendo retirado pelas equipes e transportado por caminhões para um pátio. Segundo ele, assim que for alcançado o ponto central da queima, o local será inundado, de modo a baixar a temperatura e encerrar a reação química que provoca a fumaça.
Em nota, o governo de Santa Catarina informou que as equipes trabalham para criar uma barreira de contêineres com o objetivo de direcionar o vento e evitar que a fumaça atinja os profissionais que atuam no local. Além disso, lançam jatos de água para resfriar a área e diminuir o risco de explosão. Ainda no comunicado, o governo destaca que não há, até agora, informações sobre as causas da oxidação. Já a Defesa Civil estadual emitiu nota informando que “os efeitos desse gás podem ser comparado com os efeitos do gás lacrimogêneo” e, por isso, não é considerado letal quando inalado.
O acidente ocorreu por volta das 22h de terça-feira (24), no galpão de uma fábrica de fertilizantes, no Bairro Paulas, em São Francisco do Sul. A prefeitura decretou situação de emergência para acelerar as ações de assistência à população. Ontem (25), o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, esteve no local para acompanhar as ações das equipes. Também acompanharam os trabalhos a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e o secretário Nacional da Defesa Civil, Humberto Viana.