O epidemiologista Gerson Pereira ficará à frente do departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais. Atualmente diretor substituto, ele vai ocupar o posto de Adele Benzaken, que já foi comunicada da exoneração. A saída da médica foi antecipada nesta quinta-feira, 10, pelo Estado.
Pereira é apresentado como um profissional que dará continuidade às políticas públicas conduzidas no departamento, sobretudo para populações vulneráveis. A mensagem tem como objetivo acalmar os ânimos da sociedade civil e afastar a ideia de que haverá ruptura na condução dos trabalhos no departamento. Organizações não-governamentais receavam que, com a mudança na direção, medidas de prevenção, sobretudo para populações mais vulneráveis, estariam sob risco.
Pereira é servidor do Ministério da Saúde. Entre as prioridades da sua gestão está melhorar a vigilância da tuberculose em pacientes com HIV/Aids para reduzir a mortalidade. Há também a intenção de reforçar a atenção a pacientes com hepatites.
A exoneração de Adele foi determinada uma semana depois de o Ministério da Saúde tirar da página da internet uma cartilha voltada para homens trans. O material, lançado há seis meses, também foi impresso e distribuído para os serviços de atenção a esse público – pessoas que ao nascer foram consideradas como do gênero feminino mas se reconhecem como do gênero masculino. A cartilha traz informações para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e dados sobre direitos da população trans no SUS.
A retirada do material da página do Ministério da Saúde foi antecipada pelo Estado. A justificativa da pasta era de que o material trazia “falhas”, como um esquema do pump – o uso de uma seringa invertida para aumentar o tamanho do clitóris, uma prática controversa e que pode trazer riscos de lesões e infecções.
A cartilha foi um dos temas discutidos durante a conversa que definiu sua saída da equipe. O Ministério da Saúde afirmou que Adele teria sido convidada a continuar contribuindo no departamento.