Policiais federais prenderam nesta segunda-feira, 24, em Santana de Parnaíba (SP), José Almeida Santana, mais conhecido como “Pedro Bó”. Ele é acusado de ser peça chave em um esquema de tráfico internacional de drogas que movimentava uma tonelada de pasta base de cocaína por mês, o equivalente a cerca de R$ 14 milhões. A quadrilha agia em quatro Estados e foi desarticulada nesta terça-feira, 25.
O suspeito ficou conhecido pelo envolvimento no furto de mais de R$ 160 milhões do Banco Central de Fortaleza (CE) em 2005, o maior na história do País. Ele foi preso pouco tempo depois, mas agora vivia em liberdade provisória e, para a Polícia Federal, abastecia de drogas locais como a favela de Paraisópolis, a segunda maior de São Paulo com cerca de 90 mil habitantes.
Para chegar a esta conclusão, policiais investigaram a quadrilha por um ano e meio. As investigações resultaram em um primeiro momento na apreensão de 721 quilos de cocaína, um caminhão, R$ 400 mil e US$ 400 mil. Nesta terça-feira, um dia após prender “Pedro Bó”, mais de cem policiais saíram às ruas para cumprir 16 mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O delegado da Polícia Federal de Uberaba (MG), André Gebrim Vieira da Silva, disse à reportagem que dos procurados por envolvimento no esquema, somente duas pessoas continuam foragidas. Segundo ele, o montante total da operação ainda é calculado, mas com “Pedró Bó” foram localizados alguns veículos de luxo, incluindo duas Land Rover, caminhonetes que custam mais de R$ 200 mil cada.
“Ele levava uma vida de luxo”, afirmou o delegado. Para a polícia, Pedro era o maior adquirente da cocaína que vinha da Bolívia para o Brasil. De acordo com Gebrim, as investigações continuam e o patrimônio total dos suspeitos – incluindo os bens apreendidos – ainda é avaliado. Ele falou que entre os presos na Operação Krull, como foi denominada, está a mulher do homem apontado como o responsável por trazer a droga que era distribuída no Brasil.
Líder
O acusado, cuja esposa foi para a cadeia na tarde desta terça-feira, vivia no Triângulo Mineiro como um grande pecuarista até também ser preso em abril deste ano. Durante muito tempo, ele foi a principal fonte de fornecimento de drogas a uma facção criminosa que age nos presídios, mas hoje seu principal comprador seria justamente Pedro, o envolvido no furto do Banco Central.
O delegado André Gebrim diz que foram coletadas muitas provas que mostram que a quadrilha usava, entre outros meios, três aviões próprios para trazer droga da Bolívia para o Brasil. Os núcleos de operação dos traficantes estariam localizados em Juiz de Fora (MG), São Paulo (SP), São Simão (GO), Campo Grande (MS) e Santana de Parnaíba (SP).
Em Juiz de Fora (MG) foram presas seis pessoas, incluindo um empresário e sua filha que seriam os responsáveis por cuidar dos negócios do líder da quadrilha. Os aviões desembarcavam a droga em pistas no Triângulo Mineiro e em Goiás, porém, em outras vezes, a mercadoria vinha de caminhão por via terrestre.
Todos os presos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e organização criminosa, podendo pegar até 23 anos de reclusão.