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Entidades criticam mudanças na grade de Engenharia

A comunidade acadêmica e científica, representada por 15 entidades nacionais, manifestou preocupação com a proposta de novas diretrizes curriculares para as graduações de Engenharia. A consulta pública para discutir as novas regras, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) terminou na segunda-feira – entre as mudanças criticadas está a retirada de dispositivos que estabeleciam a carga horária mínima dos conteúdos e disciplinas a serem trabalhados pelos cursos.

A carta é assinada por instituições como a Universidade de São Paulo (USP), Federais do Rio de Janeiro (UFRJ), de Minas Gerais (UFMG), de Pernambuco (UFPE) e Fluminense (UFF), entre outras. As entidades destacam que, ao não estabelecer “núcleos de conteúdos gerais”, a proposta abre possibilidade para que sejam aprovados cursos de Engenharia sem disciplinas básicas, como Matemática, Física e Química.

“Isso constitui um grande risco para a sociedade, por possibilitar a criação de cursos que não possuam conteúdos fundamentais à formação do engenheiro, apenas utilizando o ‘label’ Engenharia de maneira imprópria para atrair alunos desinformados e imputar danos irreparáveis à sociedade”, diz a carta.

“Não é possível formar engenheiros sem algumas disciplinas básicas. O Crea (Conselho de Engenharia, que regulamenta a atividade profissional na área) não vai poder negar o registro para quem se formar em cursos em que não se ensina conteúdos básicos, porque as faculdades vão alegar que estão cumprindo as diretrizes. Vai causar um conflito de interesses, abrindo possibilidade para mais precarização na formação”, diz Cláudia Morgado, diretora da Escola Politécnica da UFRJ.

Evasão

Essa foi a primeira revisão das diretrizes curriculares de Engenharia em 16 anos. A avaliação do CNE e de outras entidades que ajudaram a formular a proposta, é de que as normas atuais desmotivam o aluno – a carreira tem a mais alta taxa de evasão do País, com metade dos ingressantes abandonando a faculdade. A resolução atual prevê, por exemplo, que ao menos 30% da carga horária das engenharias seja voltada para o núcleo de conteúdos básicos, que acabam se concentrando especialmente nos dois primeiros anos, e fixa só 15% para conteúdos profissionalizantes.

A proposta do CNE não estabelece carga horária mínima, apenas orienta que devem ser implementadas “desde o início do curso” atividades que integrem a parte teórica à prática. O conselho diz que as novas diretrizes pretendem deixar a organização dos cursos mais flexível, interdisciplinar e voltada à prática da profissão.

Em nota, o CNE diz que conduz o debate em articulação com diversos representantes da sociedade e que recebeu contribuições que ainda estão sendo consolidadas. Após aprovação no conselho, ainda sem data prevista, as novas diretrizes precisam ser homologadas pelo MEC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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