A viagem do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, aos municípios do leito do Rio São Francisco com a justificativa de divulgar ações de revitalização tem como verdadeiro objetivo ?a cooptação de lideranças e políticos regionais?. A avaliação é da Articulação Popular pela Revitalização do São Francisco, da qual faz parte a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica.
Em nota, a entidade acusou o governo federal de ?intransigência? e ?autoritarismo?, de não ouvir ?a vontade do povo? em relação à transposição do rio. Segundo os ativistas, as obras não vão atender a população carente que sofre com a falta de água no sertão, e sim ?aos políticos, grandes empreiteiras, irrigantes, industriais e criadores de camarão?.
Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, instituído em 2001, 70% da demanda por água na região é para irrigação. Os consumos humano e industrial ficam empatados com 13%.
?A transposição beneficiaria apenas 0,3% da população do semi-árido brasileiro e atenderia apenas 5% do território do semi-árido, além de apresentar várias irregularidades ambientais e sociais e dividir a população do Nordeste?, diz o texto.
A Articulação Popular lembra que a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs no Atlas das Águas do Nordeste, lançado no ano passado, 530 obras com a meta de atender 34 milhões de nordestinos – contra 12 milhões da transposição.