Enterrada em São Paulo a ex-primeira-dama Ruth Cardoso

Sob aplausos e um clima de emoção contida, o corpo da antropóloga Ruth Cardoso foi sepultado nesta quinta-feira (26), pouco depois das 10h30, no Cemitério da Consolação, região central da capital paulista. A mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso morreu na noite de terça-feira (24), aos 77 anos, vítima de arritmia cardíaca.

Sobre o caixão estavam as bandeiras do Brasil e de Araquarara, cidade do interior paulista onde ela nasceu. Havia tantas coroas de flores que muitas foram colocadas ao lado de túmulos vizinhos ao da família Cardoso. De acordo com a assessoria do cemitério, o túmulo foi comprado há um ano e a ex-primeira-dama foi o primeiro membro da família enterrado ali.

O enterro só foi realizado quinta para que a filha Beatriz, que estava na Espanha, pudesse chegar a tempo de acompanhar o funeral. Muito emocionado, o ex-presidente Fernando Henrique acompanhou a cerimônia ao lado dos três filhos, Paulo Henrique, Beatriz e Luciana, e dos netos. Ele depositou um cesto de rosas brancas sobre a campa.

Dezenas de pessoas compareceram ao funeral, entre amigos, parentes, intelectuais e políticos, como os governadores de São Paulo, José Serra, e de Roraima e José Anchieta Júnior, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

O trabalho social desenvolvido por Ruth Cardoso no período durante o governo Fernando Henrique (1995-2002) foi o destaque na maioria dos depoimentos de personalidades que foram ao velório e ao sepultamento. A ação mais lembrada foi a criação do programa Comunidade Solidária, em 1995, responsável por projetos sociais e de voluntariado, com o objetivo de combater a exclusão social e a pobreza no país.

?Ruth deu exemplo de solidariedade e colaborou muito para que se desenvolvessem política sociais como, por exemplo, o Bolsa Família?, afirmou o senador Eduardo Suplicy. Segundo ele, o Bolsa Família, criado no atual governo, é resultado de experiências anteriores, que permitiram também a criação de programas de garantia de renda mínima ?associados às oportunidades educacionais?. Suplicy disse que todas essas experiências abrem caminho para que, ?um dia, todos os brasileiros possam partilhar da riqueza da nação?.

O ex-ministro da Justiça José Gregori, atual presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, disse que a antropóloga Ruth Cardoso vai fazer falta, porque é importante no plano pessoal, tinha grande inteligência, grande facilidade de pôr as idéias em ordem.

"Vai fazer falta também do ponto de vista da expressão, que ela tinha adquirido pelas bandeiras que defendia, sempre modernas, de procurar convergências e, sobretudo, de visão moderna de o Brasil conviver com idéias que fazem sentido no Século 21?, afirmou. ?Tudo isso sem fazer alarde?, acrescentou Gregori, destacando ainda o espírito democrático como uma das características da antropóloga.

O ex-ministro da Cultura Francisco Weffort lembrou que ela não gostava do título de primeira-dama, preferindo manter ativo o desenvolvimento no meio acadêmico. ?Era essencialmente uma professora, dedicada às atividades de educação.?

No governo Fernando Henrique, Weffort ressaltou que ela não assumiu cargo nenhum, mas liderava o Comunidade Solidária e tinha consciência de ?como o país era injusto e desigual e tentou trabalhar no sentido de melhorar as condições de trabalho?. E, acima de tudo, ?não se deixou embasbacar pelas mordomias do estado e saiu do governo do jeito que entrou, a mesma professora que sempre foi e ampliando sua atuação na área social?.

Leia mais sobre a ex-primeira-dama:
Corpo de Ruth Cardoso é velado em São Paulo

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo