Alunos que cursaram educação a distância tiraram as mesmas notas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) quando comparados aos que fizeram cursos de ensino superior presenciais. Ainda visto com desconfiança por alguns sob o argumento de que a qualidade seria comprometida, o ensino a distância é um dos que mais crescem no País, chegando a cerca de 760 mil alunos matriculados na graduação. A discordância com relação à criação de um curso não presencial foi uma das razões da greve na Universidade de São Paulo (USP), que terminou neste mês. O curso foi adiado.

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Um estudo analisou pela primeira vez formandos com características semelhantes – idade, renda, estado civil, se trabalha ou não, se estuda em instituição pública ou não – das duas modalidades de ensino. A pesquisa, feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC), é considerada importante por especialistas por causa da comparação entre alunos com o mesmo perfil, já que as variáveis podem interferir no desempenho. Estudo anterior do próprio Inep havia apenas analisado médias gerais dos dois grupos.

“O perfil de alunos de educação a distância, em geral, é diferente do presencial. Eles são mais velhos, trabalham”, diz um dos autores do estudo Thiago Leitão. O ensino é feito por meio de tecnologias de informação e comunicação, principalmente a internet. As provas devem ser presenciais e há encontros periódicos com professores. As bases legais para a educação a distância estão na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996.

O estudo analisou os únicos quatro cursos a distância em que a quantidade de formandos pode ser comparada às suas versões presenciais: Administração, Matemática, Pedagogia e Serviço Social. Juntos, tinham 288 mil alunos em 2007, 78% do total de alunos naquele ano – ainda não há dados por curso de 2008. Foram usadas notas do Enade (exame que substituiu o Provão) de 2005, 2006 e 2007.

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Os resultados da prova de 2008 ainda não saíram. Os técnicos do Inep compararam primeiro as notas médias no Enade de todos os alunos dos dois grupos. Os estudantes de educação a distância tiveram, em geral, 6,7 pontos a mais do que os de cursos presenciais. Na análise de alunos com o mesmo perfil, a diferença na nota foi de 0,23 (a favor da presencial), considerado estatisticamente igual a zero. 

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