Enquanto Luiz Henrique Mandetta dava entrevista à imprensa no Palácio do Planalto, na qual afirmou que o Ministério da Saúde não recomendaria o uso indiscriminado de cloroquina contra o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgava vídeo nas redes sociais em que a médica Nise Yamaguchi defende abordagem diferente.

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O protocolo da pasta indica a prescrição do medicamento para casos graves e críticos da doença. Já Yamaguchi, que tem mantido conversas com o presidente e seria uma possível candidata a substituir Mandetta, defende que se receite a medicação já no segundo dia após o início dos sintomas.

Bolsonaro compartilhou entrevista de Yamaguchi ao canal CNN Brasil. Ela diz que as evidências científicas ainda estão sendo construídas, mas ressalta que médicos e hospitais já trabalham com a medicação.

“Precisaria começar a tomar no segundo dia após o inicio de sintomas”, diz ela. “São decisões terapêuticas, e médicos em São Paulo e em vários grande hospitais já assumiram que é muito necessário que a gente trate os pacientes quando eles chegam.”

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Na entrevista à imprensa, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, disse que não há alteração no protocolo de uso por parte da pasta.

“Não houve nenhuma alteração [sobre o protocolo de uso da cloroquina]. Foi emitida nota técnica do Ministério da Saúde no dia 27 de março, orientando os estados a tratar os pacientes da forma grave e crítica em ambiente hospitalar com a cloroquina. Não houve nenhuma modificação”, disse.

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Vianna, explicou, após a saída do ministro da entrevista, como funciona o protocolo de pesquisa a respeito do uso de cloroquina no combate ao coronavírus, nos casos graves e críticos.

“O Ministério da Saúde tomou uma decisão de gerar uma política específica para os casos graves e críticos. Se já tem uma indicação de hospitalização, se já tem um quadro de falta de ar, se já tem critérios de hospitalização, ele já é elegível para receber esse medicamento”, informou o secretário.

Vianna acrescenta que estudos preliminares mostraram que o medicamento pode trazer bons resultados nesses casos.

Também contribui para a recomendação da cloroquina nesses casos, de acordo com o secretário, o fato de que o paciente já se encontra dentro de uma unidade de saúde, internado, portanto recebendo um acompanhamento melhor. Além disso, como são casos com alta taxa de letalidade, seria possível assumir riscos.

“Nesse tipo de paciente, quando pesamos a relação entre riscos e benefícios, os benefícios superam os riscos. É um paciente com letalidade muito alta. Nós podemos assumir esse risco”, completou.

Por outro lado, o secretário afirma que o ministério não tem comprovações científicas robustas para os casos de coronavírus considerados leves.

“Quando vamos olhar outros pacientes, com casos leves, que perfazem 80% dos casos, quando a gente pesa riscos e benefícios, diante das evidências científicas que não são robustas, não vamos recomendar”, afirmou.

Segundo o secretário, testes para casos leves estão sendo analisados atualmente no Brasil e resultados preliminares devem ser anunciados ainda neste mês.

Repetindo o argumento do ministro Mandettta, o secretário afirma que atualmente cabe ao médico avaliar se recomenda ou não o medicamento a seus pacientes, em casos considerados leves.

“Medicina é ciência e arte. Existe um momento em que o médico usa a sua intuição”, afirmou o secretário, que em seguida lembrou que essa medida precisa ser informada ou mesmo discutida com os pacientes.

O secretário afirmou que a arritmia cardíaca é o principal risco ligado ao uso da cloroquina, que pode ser potencializado com a administração de algum outro medicamento.

Vianna concluiu dizendo que o Ministério da Saúde tem consciência de que a pandemia é uma situação excepcional, mas que a pasta não vai tomar decisões a respeito de medicamentos sem evidências científicas.