Interrogado durante duas horas e dez minutos em São Paulo, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou que o partido contraiu um empréstimo com o banco BMG no valor de R$ 2 4 milhões, em 2003, ?para cobrir um déficit?. Ele disse: ?O PT tinha que quitar dívidas relativas a despesas de seus integrantes na época da transição, com a festa popular da posse do Lula.? A festa a que Delúbio se referiu foi no início de 2003 quando Lula assumiu o governo pela primeira vez. ?Essa foi a finalidade do empréstimo?, afirmou.
Delúbio foi interrogado ontem pelo juiz Fausto Martin De Sanctis da 6ª Vara Criminal Federal, que cumpriu carta de ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), onde corre ação penal contra o ex-tesoureiro por gestão fraudulenta de instituição financeira. Ele respondeu a todas as perguntas feitas pelo juiz, mas, orientado por seu advogado, o criminalista Celso Sanchez Vilardi não respondeu a nenhuma pergunta do Ministério Público Federal.
Além de Delúbio são réus nesse processo o deputado José Genoino (PT), na ocasião presidente do PT, o empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão, e diretores do BMG. A denúncia contra Delúbio no caso BMG é desdobramento do inquérito do mensalão, em curso no STF. O Ministério Público sustenta que ?a liberação de recursos milionários pelo BMG ao PT e às empresas ligadas a Valério deu-se de maneira irregular, porque a situação econômico-financeira dos tomadores era incompatível com o valor e as garantias dadas eram insuficientes?.
A investigação federal mostra que o PT e Valério tomaram empréstimos supostamente irregulares também no Banco Rural. O montante global de empréstimos atingiu R$ 55 milhões, entre fevereiro de 2003 e abril de 2004. O BMG afirma que tudo foi feito dentro da lei.