Os empresários brasileiros instalados na Argentina têm elevadas expectativas sobre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Para um amplo setor do empresariado brasileiro nesse país, Lula poderia atender a vários pedidos que são feitos há vários anos.
“A visita de Lula a Buenos Aires, embora seja relâmpago, além de mais política que comercial, será o sinal forte que indicará que é preciso reativar o Mercosul, que está estancado há mais de dois anos”, disse Elói de Almeida, presidente do Grupo Brasil, associação que reúne mais de 200 empresas brasileiras na Argentina.
Ele explicou que os empresários brasileiros – que esperam a definição de uma reunião na segunda-feira com o presidente eleito – querem apresentar a Lula um projeto feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Grupo Brasil para o financiamento de filiais de empresas brasileiras na Argentina.
“Com financiamento para a infra-estrutura, as empresas brasileiras neste país poderão expandir seu lado operacional, dando maior ênfase às exportações do Brasil. É óbvio que os maiores lucros das filiais brasileiras na Argentina beneficiarão as matrizes no Brasil. Ou seja, não seria dinheiro que viria para cá e não voltaria para lá. Voltaria com amplos lucros, gerando mais empregos no Brasil.”
Segundo Almeida, os empresários também pedirão a Lula o estabelecimento de “regras claras para as empresas brasileiras na Argentina e vice-versa”.
Empregos
As 200 empresas brasileiras instaladas na Argentina são responsáveis por 13 mil empregos diretos. Até o ano passado, os investimentos brasileiros no país chegavam a US$ 8 bilhões. Além disso, os únicos investimentos estrangeiros de porte realizados neste ano na Argentina vieram somente de empresas brasileiras: a Petrobrás, que adquiriu a empresa petrolífera argentina Pérez Companc, e a AmBev, que adquiriu o controla da Quinsa, fabricante da tradicional cerveja Quilmes.
“Nesta crise argentina, o Brasil foi o único país que investiu, colocando US$ 2,5 bilhões. Estes investimentos vão gerar mais de 2 mil postos de trabalho”, diz. “Temos de continuar investindo na Argentina, porque é o momento adequado. O preço das empresas argentinas está barato. As empresas brasileiras têm de aproveitar esta oportunidade. Senão, elas vão sofrer a concorrência de outros estrangeiros de fora do Mercosul, que vão adquirir estas empresas argentinas antes”, sustenta Almeida.