Empresário rebate acusações de pagamento de propina à Infraero

Brasília – O empresário Carlos Carvalho, proprietário da Aeromídia, empresa suspeita de favorecimento nas licitações de publicidade em aeroportos, defendeu-se nesta sexta-feira (22) das acusações apresentadas pela ex-sócia, Sílvia Pfeiffer, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo no Senado. Em depoimento ontem (21), ela afirmara que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) recebia propina da Aeromídia em troca de contratos de propaganda.

Em entrevista à Agência Brasil, Carlos admitiu o repasse de recursos para servidores da Infraero, mas disse que esses repasses foram feitos pela sócia e não tinham a finalidade de facilitar licitações para a exibição de peças publicitárias em aeroportos.

Segundo ele, Sílvia Pfeiffer chegou a morar na casa do superintendente da Infraero no Paraná, Mário Macedo, em Brasília. ?Ela tinha relações íntimas com os servidores da Infraero acusados de receber dinheiro da Aeromídia e usava recursos da empresa para pagar despesas pessoais deles?, contou o empresário.

Em relação ao superintendente de Logística de Carga da estatal, Gustavo Schild, acusado de receber pelo menos R$ 20 mil da Aeromídia, Carvalho disse que a ligação da ex-sócia com ele também era de caráter pessoal. ?O trabalho de Schild na Infraero não tem nada a ver com a licitação de publicidade em aeroportos. Não haveria por que a Aeromídia ter relações com esse sujeito", rebateu.

O empresário informou ter reunido documentos que provam a relação da empresária com os servidores da Infraero: ?Tenho recibos, no nome dela, do pagamento de mensalidades escolares com dinheiro da empresa?. Na CPI, Sílvia Pfeiffer  afirmou que a Aeromídia pagou despesas da faculdade de Ana Carolina Macedo, tia de Mário Macedo.

Apesar de culpar a ex-sócia pelos pagamentos a servidores da Infraero, Carlos Carvalho admitiu que existe a possibilidade de a assinatura dele constar de vários cheques usados nos repasses. ?Eu assinava todas as despesas da Aeromídia como sócio-gerente, porque a Sílvia e a filha dela estavam com o CPF sob suspeita?, alegou.

Mesmo tendo assinado os cheques, Carvalho se eximiu de responsabilidade pelas movimentações financeiras. ?Como, na época [em 2004], eu era secretário de Prefeitura de Curitiba e participava de vários conselhos municipais, não tinha tempo de acompanhar os assuntos da empresa ? a Sílvia se encarregava das relações comerciais e só dava os cheques para eu assinar?, explicou

O empresário disse ainda não ver conflito no fato de fazer parte de uma empresa privada enquanto ocupava a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Curitiba, na gestão de Cássio Taniguchi (DEM). ?O próprio Ministério Público [do Paraná]  investigou o assunto e já expressou posição de que minha entrada na empresa não representou nenhuma ilegalidade?, ressaltou.

Em 2001, Carlos Carvalho entrou na Aeromídia como sócio-minoritário, com 25%. Segundo ele, na época 50% eram de Sílvia Pfeiffer e uma filha dela, e os 25% restantes pertenciam a um sócio de Rondônia, que vendeu a cota para o empresário. Em 2004, por determinação da Justiça, a ex-sócia e a filha foram afastadas da empresa, após comprovação de desvio de dinheiro. ?Descobrimos que elas usavam recursos da companhia para comprar roupas e pagar tratamentos em clínicas estéticas?, lembrou o empresário, que atualmente detém 80% da Aeromídia ? outro sócio possui 5% da cota e 15% ainda são de Sílvia Pfeiffer, apesar da decisão judicial.

Por meio da assessoria de imprensa, a Infraero informou que só voltará a prestar esclarecimentos quando os servidores da estatal forem chamados para depor no Senado. Ontem (21), o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse à CPI que a estatal abriu sindicância para investigar os servidores citados pela empresária. A Infraero alegou ainda que espera a apuração das irregularidades pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para emitir uma posição definitiva sobre as acusações.

Na próxima terça-feira (26), Sílvia Pfeiffer voltará a falar aos senadores ? o depoimento de ontem foi interrompido porque ela se sentiu mal.

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