Rio de Janeiro – Herdeira das dívidas da antiga Varig, a empresa Flex Linhas Aéreas deve começar as operações no início de março. Segundo o executivo da empresa, comandante Miguel Dau, a companhia começará a voar inicialmente com apenas uma aeronave arrendada, que será usada para vôos charter (fretados).
?Já estamos trabalhando para o início das operações da Flex, que deve ser em 8 de março. Estamos também aguardando o início do pagamento de parte da dívida com o Aerus ? o fundo de pensão dos funcionários da antiga Varig ? e que inicialmente será de R$ 30 milhões?, afirmou Dau.
Dau explicou que o crescimento do transporte aéreo no país abre espaço para que a empresa também atue em vôos comerciais, mas isso dependerá da entrada de recursos ao longo dos próximos meses. ?Pretendemos adotar os vôos charter como um dos segmentos de negócios da companhia. Assim que tivermos os recursos necessários, voltaremos a operar comercialmente?, disse.
O presidente da Flex informou que, ainda este ano, a companhia deverá contar com mais quatro a seis aviões. Ele, no entanto, ressaltou que a sobrevivência da Flex está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque tramita, na corte, uma ação da antiga Varig, com o objetivo de recuperar o dinheiro perdido com o congelamento de tarifas durante o Plano Cruzado, nos anos 80.
?Se por algum motivo perdermos essa ação no Supremo, será impossível a sobrevivência da Flex e das empresas em recuperação?, afirmou. ?Não haveria recursos e fontes que viabilizassem o enfrentamento do passivo atual da companhia.?
A Flex Linhas Aéreas é resultado do processo de recuperação judicial pelo qual passou a antiga Varig, que foi dividida em duas. A VRG Linhas Aéreas, hoje nas mãos da Gol, ficou apenas com a parte saudável da empresa e a Flex herdou os passivos e as pendências judiciais.
A Flex é gerida por uma comissão que representa seus mais de 17 mil credores – a maioria ex-empregados da antiga Varig. Também são credores a Petrobras Distribuidora (BR), empresas de leasing, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), e alguns bancos brasileiros.
O processo de recuperação judicial é resultado da Lei 11.101/05, também conhecida como nova Lei de Falências. Na avaliação do juiz da 1ª Vara de Justiça Empresarial do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayoub, a nova lei, aplicada pela primeira vez no processo de saneamento da Varig, é hoje uma realidade no país.
?Para mim, a lei é uma realidade e poderia até ter vindo antes, pois teria salvo muitas de nossas empresas ? algumas com grande tradição ? e preservado milhares de empregos em todo o país?, declarou Ayoub. ?A VRG Linhas Áreas já existe, é uma realidade, e agora é a Flex recomeça as suas atividades. Vejo isso como o resultado de uma lei que é muito importante para o desenvolvimento do país.?