A indústria farmacêutica norte-americana Chaman divulgou recentemente por meio do seu site na internet que está fornecendo medicamentos de combate à malária aos ianomâmis. A empresa informa que adquiriu o antimalárico mefloquina da multinacional suíça Roche e como “reciprocidade” repassou aos índios. Tudo isso sem o consentimento da Fundação Nacional do Índio (Funai), e portanto, das autoridades brasileiras.

O alerta foi feito pelo pesquisador amazonense Frederico Arruda e deixou perplexos os deputados da Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, destinada a investigar o tráfico ilegal de animais e plantas silvestres. Os membros da CPI, que promovem audiências públicas, hoje e amanhã, em Manaus, vão pedir explicações à Funai, Funasa, Vigilância Sanitária sobre a relação de medicamentos utilizados pela Comissão para Criação do Parque Ianomâmi (CPPY). A entidade com sede em São Paulo seria o contato da empresa no Brasil.

Biodiversidade

Segundo o pesquisador, o termo “reciprocidade” usado pela empresa também preocupa. Isso porque a Chaman trabalha com pesquisa de medicamentos a partir de produtos naturais em pólos de biodiversidade. “Quem garante que a indústria não está fazendo experiência com os ianomâmis?”, questiona o pesquisador.

“Trata-se de uma questão grave. Há fortes indícios da prática de biopirataria”, reagiu a federal Vanessa Grazziotin (PCdoB). Ela lembrou que 40% dos medicamentos produzidos no mundo são oriundos de produtos naturais. “Ou seja, não é à toa todo esse interesse das indústrias farmacêuticas por nossa biodiversidade”, diz.

Biopirataria e extração

Segundo Vanessa, a primeira audiência pública, sexta pela manhã, na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE), terá o tema “Problemas de Evasão do Pescado para a Colômbia” quando serão ouvidas 13 pessoas. Entre elas, o governador Amazonino Mendes, o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Mauro Spozito, o gerente do Ibama, José Lelland, e o representante da Associação das Indústrias de Pescado Sifados do Amazonas, Rigoberto Neide Pontes.

À tarde serão debatidos temas sobre biopirataria e extração ilegal de madeira. Serão ouvidos representantes do Comando Militar da Amazônia, do Inpa, da Embrapa, do Ibama, da Pronatus e da Vitória Amazônica. No sábado, os parlamentares convidaram prefeitos e representantes das prefeituras do Alto e Médio Solimões.

Os deputados que integram a comitiva que chega a Manaus são: Átila Lins (PFL-AM), Francisco Rodrigues (PFL-RR), Sarney Filho (PFL-MA), Luiz Ribeiro (PSDB-RJ), Ricarte de Freitas (PSDB-MT), Antônio Feijão (PSDB-AP), Waldemir Moka (PMDB-MS), Silas Câmara (PTB-AM) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

continua após a publicidade

continua após a publicidade