Operação da PF

Empresa de Curitiba é acusada de ‘maquiar’ carne podre com produto cancerígeno

A Operação Carne Fraca começou a partir de denúncias do fiscal agropecuário Daniel Gouvêa Teixeira envolvendo o suposto conluio de agentes sanitários do Ministério da Agricultura com uma indústria de processamento de alimentos de Curitiba, a Peccin Agroindustrial Ltda. – que tem sede no bairro do Umbará. As investigações indicam que, em troca de propina, os fiscais que participavam do suposto esquema faziam vista grossa a diversas irregularidades – que incluíam até mesmo a utilização de carne podre na fabricação e salsichas e linguiças e a adição de substâncias cancerígenas para “maquiar” que a matéria-prima estava estragada.

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Teixeira relatou à Polícia Federal (PF) que foi afastado de suas funções por sua superiora no mesmo dia em que determinou a suspensão das atividades da Peccin, numa fiscalização de 2014. O fiscal havia determinado o fechamento da Peccin após constatar que a empresa estava usando subprodutos do abate de frango em substituição à carne bovina na fabricação de diversos produtos. O objetivo seria aumentar os lucros da empresa.

Segundo o despacho do juiz Marcos Josegrei da Silva, que autorizou a operação na PF, as investigações confirmaram as irregularidades e descobriram outras a partir de materiais fornecidos por Teixeira e depoimentos de três ex-funcionárias da Peccin.

Ácido ascórbico

Uma ex-auxiliar de inspeção, denunciou a “maquiagem” de carnes estragadas por meio da adição de ácido ascórbico. Segundo nutricionistas, se consumido em excesso a longo prazo, o acido ascórbico (mais conhecido como vitamina C) pode provocar sobrecarga renal e, consequentemente, levar ao câncer. A quantidade máxima recomendada por dia é entre 45 e 50 mg. Essa quantia está presente, por exemplo, em uma laranja, uma mexirica, uma fatia de mamão ou uma de manga. De acordo com especialistas, as únicas evidências disponíveis na medicina são de que doses altas de ácido ascórbico diariamente — 1 ou 2 g — favorecem a formação de cálculos nos rins e canais urinários em quem já tem tendência para desenvolver esse tipo de problema.

Uma médica veterinária que também foi funcionária da Peccin relatou ter visto a entrada de carregamentos de carne estragada na Peccin. Uma assistente dessa veterinária confirmou o relato de que substâncias ilegais eram adicionadas à carne para esconder que ela estava podre.

A Peccin também é acusada de estocar carne em local sem refrigeração, usar carne em seus produtos em quantidade muito menor do que a descrita ao consumidor e falsificar notas de compra do produto.

A partir dos relatos iniciais do fiscal Daniel Gouvêa Teixeira, a PF começou a investigar outras empresas suspeitas de participar do suposto esquema de corrupção. Na manhã desta sexta-feira (17), a reportagem tentou fazer contato com a Peccin para falar com a diretoria da empresa, mas ninguém atendeu às ligações.

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