O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), suspeito de participação em suposto desvio de dinheiro do Banco Regional de Brasília (BRB), fez emocionado discurso, da tribuna do Senado, apelando a Deus e à Bíblia e se declarando vítima de "um massacre pela imprensa, injustiças e inverdades". Roriz, flagrado em conversas gravadas pela Polícia Civil do Distrito Federal fazendo a partilha de R$ 2,2 milhões de origem desconhecida, disse que nos últimos quatro dias ficou em casa, "chorando, com dores profundas no coração" e que teve vontade de comparecer ao Senado e "renunciar ao mandato".
O senador, que governou o Distrito Federal quatro vezes, exibiu documentos que, segundo ele, comprovam que os R$ 2,2 milhões eram referentes a negócios particulares e apresentou páginas em branco, assinadas, autorizando a quebra do seu sigilo bancário, fiscal e telefônico e pedindo à Polícia Federal que investigue suas contas bancárias "em qualquer lugar do planeta Terra".
Roriz, que o corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (DEM-SP), afirma ter quebrado o decoro parlamentar, disse: "Pensei em vir aqui e pedir desculpas a esses homens honrados que compõem o Senado e renunciar ao meu mandato, pela vergonha que invadiu minha alma. Lembrava do meu pai, homem honrado, perguntava ‘será que minha mulher acha que eu sou um cafajeste, será que meus amigos estão acreditando nisso?’" Acrescentou que só encontrou "forças na oração" e que, nos últimos dias, ficava "de joelhos, pedindo a Nossa Senhora forças para enfrentar esses desafios, essas maldades".
O senador do PMDB, exibindo cópias de notas fiscais, de recibos e de contratos, insistiu na versão de que era sobre "negócios privados" a conversa em que combinou, em março passado, com o então presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, a partilha dos R$ 2,2 milhões. Repetiu que esse era o valor de um cheque de um amigo a quem pediu um empréstimo de R$ 300.000,00 para pagar dívida da compra de um animal. Em relação ao fato de ter descontado num banco público (o BRB) um cheque do Banco do Brasil emitido por uma empresa privada, Roriz afirmou que, em toda sua vida, jamais confundiu "a questão pública com a questão privada".