Embraer nega falhas no jato, mas não prova

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Sérgio Mauro Costa falou por duas horas na Polícia Federal, em Brasília.

O diretor técnico do Departamento de Ensaios da Embraer, Sérgio Mauro Costa, afirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que foram realizados sete testes com o jato Legacy, que se chocou com o Boeing da Gol dia 29 de setembro, matando 154 pessoas, antes de ser entregue à Excel Air – empresa especializada em transporte de executivos nos Estados Unidos. Ele garantiu que todos os equipamentos do aparelho estavam funcionando, inclusive o transponder e o dispositivo anti-colisão e negou qualquer irregularidade com o plano de vôo.

Prestado na Coordenação de Aviação Operacional (Caop), divisão da PF que investiga acidentes aéreos, o depoimento durou cerca de duas horas e o delegado Renato Sayão, encarregado do inquérito, considerou as informações insuficientes. Acompanhado de três advogados da Embraer, fabricante do avião, o diretor não apresentou qualquer comprovação dos testes, pediu sigilo do nome da empresa que fez o plano de vôo e ficou devendo vários documentos atestando a regularidade do aparelho. Ele deve prestar novo depoimento.

Entre os documentos não entregues estão a homologação do vôo RVSM (por instrumentos em grande altitude), atestado de aeronavegabilidade, a certificação da aeronave e a comprovação dos testes, quatro deles supostamente feitos internamente pela Embraer e três de aceitação, em conjunto com os compradores. Deixou de ser entregue até a versão em português do manual da aeronave.

O delegado ficou sem saber também se os pilotos americanos do Legacy, cujos passaportes estão apreendidos pela PF, participaram de algum teste de reconhecimento e se fizeram o briefing, uma praxe antes de qualquer vôo, para memorização das coordenadas do plano e para tirar todas as dúvidas, como a de mudança de altitude. O Legacy bateu no Boeing da Gol porque estava na contramão, voando a 37 mil pés de altitude, quando devia ter baixado para 36 mil pés na passagem por Brasília.

A PF informou que está aguardando os documentos solicitados à Aeronáutica para fazer a perícia e definir a agenda dos próximos depoimentos, entre os quais os dos controladores de vôo do Cindacta de Brasília e os dos dois pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino.

Caçadores de minas buscam caixa-preta

Brasília (ABr) – O Comando da Aeronáutica informou que 15 militares do Exército especializados em operações de caça a minas terrestres chegaram quinta-feira ao norte do Mato Grosso, onde caiu o Boeing 737-800, da Gol Linhas Aéreas. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), nos próximos dias eles devem usar detectores de metais para procurar o cilindro de voz da caixa-preta do avião.

O equipamento registra o diálogo entre os pilotos dentro da cabine da aeronave e entre os pilotos e os controladores de tráfego aéreo. O cilindro é considerado essencial na apuração sobre as causas do acidente. A Aeronáutica também informou que estão sendo recolhidos destroços que possam auxiliar na elucidação do caso. Aproximadamente 380 militares participam das operações.

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