Área de condomínios residenciais na região metropolitana de São Paulo, a Granja Viana vive no meio de um cabo de guerra entre as prefeituras de Cotia e Carapicuíba – o bairro está dividido entre as duas cidades. Entre as discordâncias está o novo Plano Diretor de Carapicuíba, que prevê a verticalização e o adensamento da Granja. Cotia discorda das propostas da vizinha, que quer, com os prédios, assegurar espaço para moradias populares.
Segundo a administração de Carapicuíba, a cidade recebeu demanda de quase 70 mil inscritos no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que oferece facilidade de financiamento de casa própria para famílias de baixa renda. Na Estrada da Aldeia – no limite entre os dois municípios -, três prédios do Minha Casa, Minha Vida estão em construção, um deles com 11 andares.
“A situação atual não comporta o adensamento que eles querem. Nem fomos consultados sobre esse prédio de 11 andares”, afirma o prefeito de Cotia, Antônio Carlos de Camargo (PSDB). A dúvida é se os prédios vão beneficiar a população já existente de Carapicuíba ou se atrairão novos moradores. “Como uma cidade que já é tão populosa ainda quer colocar mais gente para morar lá?”, afirma o antigo subprefeito da Granja Viana, Luís Gustavo Napolitano.
Em nota, o prefeito de Carapicuíba, Sérgio Ribeiro (PT), afirma que, durante o processo de elaboração do Plano Diretor, “consultamos o Plano Diretor de Cotia, a fim de não desenvolvermos propostas incompatíveis para a região. No entanto, não houve diálogo entre as duas prefeituras”. Ele reconhece a importância de “superar um antigo problema inerente às regiões metropolitanas, em que deveria existir maior diálogo”.
Avenida
A Avenida São Camilo, na Granja Viana, é emblemática da divergência entre as prefeituras de Cotia e Carapicuíba: tem metade da extensão em cada município e é o maior alvo de reclamação dos moradores, que sofrem com o trânsito de entrada e saída.
Nos horários de pico – entre 7 e 9 horas e entre 18 e 20 horas -, dois mil carros por hora usam a via, de mão dupla, que tem menos de oito metros de largura e três quilômetros de extensão. O problema, segundo a prefeitura de Cotia, é para onde os carros vão. “Eles entram pela São Camilo, que começa em Cotia, e mais da metade segue para Carapicuíba. A nossa via fica completamente entupida de carros indo para outra cidade”, afirma Luís Gustavo Napolitano, antigo subprefeito da Granja Viana.
O secretário de Obras e Serviços de Cotia, Benedito Simões, afirma que a Granja tem um sistema viário complexo, despreparado para tantos veículos. “Um Plano Diretor de altas densidades terá um impacto no trânsito já caótico da São Camilo.” É um problema “sem solução inicial aparente”, como diz Simões, que descarta a hipótese de duplicar porque implicaria desapropriações.
Já a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Carapicuíba afirma que “está em andamento a duplicação de parte da avenida, bem como se prevê a construção de uma nova via ligando a São Camilo à Raposo Tavares”.