O governo do Estado de São Paulo inaugura hoje na capital um ambulatório especial para o atendimento geral de saúde de travestis e transexuais. O local deverá ainda, mediante protocolos que serão definidos, oferecer cirurgia de colocação de próteses de mama e terapias hormonais para garantir uma identidade feminina ao corpo, como a eliminação de pelos do rosto, por exemplo.
Para Irina Bacci, presidente do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, a inclusão das cirurgias e da hormonoterapia no serviço público de São Paulo será um passo além da medida que prevê a cirurgia para mudança de sexo no Sistema Único de Saúde (SUS), autorizada pelo Ministério da Saúde em agosto do ano passado e que rendeu homenagens e críticas à pasta. O anúncio do ambulatório ocorrerá hoje à tarde no Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, na zona sul de São Paulo, durante o mês do orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT).
Segundo Alessandra Saraiva, coordenadora da secretaria de travestis e transexuais da Associação Parada LGBT, o serviço será muito importante para promover o correto atendimento de saúde da população. “A unidade não tem a intenção de segregar a população, mas sim promover sua entrada no sistema, pois hoje ainda sofrem preconceitos.”
Segundo destaca a presidente do conselho, hoje o SUS já tem despesas com transgêneros que se submetem a terapias hormonais sem acompanhamento médico e também com as graves complicações de injeções clandestinas de silicone industrial, utilizado para a formação de glúteos e seios. “Hoje os médicos já fazem este tipo de terapia com fins de saúde e estéticos para mulheres. Não fazem para travestis por preconceito. E esta população pode sofrer danos à saúde mental por não ter sua identidade reconhecida”, diz ainda Irina.