Em Recife, passageiros temem descer em Congonhas

"Não pretendo nunca mais ir a Congonhas". A imediata reação da dentista Renata Vital, paulistana residente no Recife, diante da tragédia aérea com o Airbus da TAM, a levou ao Aeroporto dos Guararapes nesta quarta-feira (18) para alterar um vôo marcado para primeiro de agosto. Depois de conseguir vaga em um vôo que aterrissa em Guarulhos, no mesmo dia, ela disse estar "apavorada" e que não pode arriscar a vida utilizando um aeroporto "reconhecidamente" com problemas, situado no meio da cidade. Renata vai a São Paulo na próxima semana para assistir a um casamento.

A iniciativa de Renata foi compartilhada por várias pessoas que enfrentaram fila no guichê da TAM, no aeroporto internacional do Recife, com o mesmo objetivo. Depois de mudar a passagem da esposa, que viaja na próxima terça-feira para São Paulo, a trabalho, Manuel Motta, assistente de avaliação judicial, garantiu: "Ela não vai para Congonhas nem que a vaca tussa". "Não quero ficar viúvo", complementou.

O agente de viagens Expedito Almeida Barbosa e sua mulher, Solange, foram além. Adiaram uma viagem de férias, que começaria a ser aproveitada na próxima semana, incluindo São Paulo (desembarque em Congonhas) e Porto Alegre. "Há um desgoverno", justificou. "O momento não é seguro".

Os cancelamentos e atrasos de vôos ocorridos ontem no Recife decorreram do efeito dominó provocado pelo acidente em Congonhas de acordo com informação da Infraero. O ambiente no Aeroporto dos Guararapes era de aparente tranqüilidade e os passageiros não reclamavam dos atrasos, consternados com a tragédia.

Ordem para evitar Congonhas

O empresário curitibano Eduardo Guy de Manuel, proprietário da Sigma Dataserv Informática, determinou que todos os diretores, funcionários e parceiros de sua empresa deixem de utilizar o Aeroporto de Congonhas como ponto de origem, destino ou conexão em vôos até que o acidente com o avião da TAM seja esclarecido. "Há muitas informações desencontradas e nós estamos falando em vidas humanas, que precisam ser preservadas", afirmou.

Segundo o empresário, a decisão é preventiva e foi acompanhada de um conselho para que seus colaboradores evitem que os familiares também utilizem Congonhas. Obrigado por dever profissional a realizar cerca de 15 viagens por mês, ele sabe que haverá um pouco de transtorno para todos. "Vamos sacrificar um pouco da comodidade até que tudo esteja esclarecido", salientou.

Manuel disse que, no dia anterior ao acidente da TAM, quando o avião da Pantanal deslizou na pista, seu filho e um diretor da empresa estavam chegando a Congonhas. "Fiquei preocupado e já pensava em tomar essa medida", afirmou. O empresário disse entender que o transporte aéreo é seguro, mas estranha o fato de ter havido dois acidentes de grande magnitude num intervalo de dez meses. "A gente viaja com mais tensão, mais preocupação a partir de agora, e, na medida do possível, tem que evitar", ressaltou. "Mas não pode deixar que esse tipo de coisa passe batido, não pode ficar sem resposta.

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