Há três anos, Cláudia Di Silvério, de 45 anos, começou a cuidar do filho de uma vizinha que precisava trabalhar e não conseguia vaga em creche para o menino. Em pouco tempo, outras famílias com o mesmo problema passaram a deixar as crianças com ela. Assim, informalmente, surgiu a Creche da Tia Claúdia, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
Cláudia cuida hoje de nove crianças – chegou a ter 25 quando morava em uma casa maior. Ela cobra mensalmente cerca de R$ 150. Duas meninas, de 12 e 17 anos, recebem R$ 400 por mês para ajudá-la nos cuidados. “Aqui, damos banho, comida, brincamos. Vou até atrás de vaga na creche. Eu cuido como se fossem meus filhos, mas as professoras é que sabem como estimular o aprendizado delas.”
Dos dez distritos da capital com maior demanda por creche, sete ficam na zona sul – em março, eram mais de 29,4 mil crianças à espera por vaga. Segundo a Defensoria Pública do Estado, é também a região com o maior número de ações judiciais para conseguir vaga: foram 4.548 nos primeiros cinco meses deste ano – das 7.097 em toda a cidade. O defensor Alvimar de Almeida explica que todas as ações são exitosas e as famílias garantem a vaga entre 1 a 3 meses. No entanto, passam na frente de outras crianças.
A manicure Karina Tenorio, de 21 anos, espera há 20 meses vaga para o filho de 1 ano e 11 meses. O menino ocupa a posição 135 na fila por creche, mas já chegou a estar em 88. “Não explicam para a gente porque isso acontece. Eu não consigo trabalhar, preciso do dinheiro. É agonizante”, lamenta.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Educação diz que crianças em situação de vulnerabilidade ou que obtiveram a vaga por ação judicial podem ter passado na frente do filho de Karina. A Prefeitura tem a promessa de abrir 65 mil vagas nessa etapa – que tem 87 mil crianças na espera – até março do ano que vem, com prioridade para regiões com maior demanda. A pasta não detalhou a previsão específica para cada região.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.