Em meio a uma série de falhas em semáforos, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) se prepara para lançar uma Parceria Público-Privada (PPP) para modernizar a rede de equipamentos da cidade. O objetivo é implementar nova tecnologia para que até 85% dos 6,4 mil aparelhos, alvos constante de apagões e vandalismo, sejam operados a distância. Atualmente, esse sistema remoto funciona em cerca de 600 semáforos – menos de 10% dos faróis.
Ao longo do primeiro semestre, motoristas e pedestres enfrentaram diversos problemas com semáforos porque o contrato de manutenção da rede venceu no fim de 2016, ainda na gestão anterior, e não havia sido renovado. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) chegou a colocar cones e a deixar agentes de trânsito em alguns pontos para amenizar a situação. O novo contrato, de R$ 40,8 milhões foi feito só neste mês.
“O edital que fizemos agora é para colocar o parque semafórico funcionando. O que faremos por meio do modelo PPP vai dar inteligência e um novo padrão de rede semafórica para a cidade”, afirmou ontem o presidente da CET, João Otaviano, que trabalha com a previsão de lançar a PPP em 2018. “Estamos agora discutindo o modelo econômico da PPP, as contrapartidas e as receitas acessórias”, disse ele. O projeto está sendo elaborado pela CET, em conjunto com a Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias.
Segundo Otaviano, o modelo permitirá a “gestão inteligente do trânsito”. Será possível, por exemplo, mudar o tempo de espera em um cruzamento conforme o fluxo de tráfego com base em um simples comando na central de controle. Daria também para religar os aparelhos remotamente em caso de corte de energia. Com as mudanças, a expectativa é de melhor fluidez do trânsito.
Cerca de 50 semáforos quebram por dia na cidade. Segundo a CET, no primeiro semestre, quando não havia contrato de manutenção e o serviço foi feito só por técnicos da companhia, 175 faróis foram alvo de vandalismo e 25 km de cabos, furtados. “Só em um cruzamento da Avenida Rio Branco (centro), reparamos o mesmo semáforo oito vezes no período.” Nesta semana, a Prefeitura iniciou mutirão de consertos emergenciais e 25 voltaram a funcionar.
Queixas
Enquanto a solução definitiva não chega, motoristas e pedestres reclamam da precariedade dos equipamentos em vários bairros.
Frequentadores do Museu Catavento, na região central, contam com a boa vontade dos motoristas para conseguir atravessar o intenso tráfego da Avenida do Estado. O semáforo ali instalado, exclusivo para pedestres, está apagado há três meses, segundo motoristas. Não raro, pedestres dependem da intervenção de vendedores de rua para fazer com que os veículos deem passagem.
O vendedor Paulo Barbosa, de 36 anos, conta que avançou na pista com seu carrinho de pipoca e doces para que crianças passassem em segurança. “É muito perigoso e ninguém vem resolver.”
Na Rua General Osório com a Barão de Limeira, também no centro, ninguém se recorda com exatidão há quanto tempo os equipamentos não funcionam. O mecânico Márcio Morioka, de 34 anos, diz que a situação leva a discussões diárias entre motoristas. “Toda hora tem um ‘quase acidente’ aqui.”
Em frente à loja onde Morioka trabalha, ficava a caixa com fios e equipamentos responsável pelo funcionamento do semáforo. Ontem, só havia a base de cimento. “Os ‘nóias’ (dependentes químicos) roubam os fios com frequência.”
Em nota, a CET informou que os locais citados integram a “programação do mutirão de manutenção” e estarão consertados nos “próximos dias”. A força-tarefa é feita em vias onde há maior recorrência de furtos e vandalismo, segundo o órgão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.