O delegado adjunto da Delegacia Anti-Seqüestro do Rio de Janeiro Alexandre Neto, disse em depoimento que acredita em duas teses para o atentado que sofreu no domingo, quando foi atingido por quatro tiros ao sair de casa, em Copacabana, na zona sul. A primeira é que o crime teria sido obra de um grupo de PMs, entre eles o sargento Márcio da Silva Barbosa, que se apresentou ontem à Delegacia de Homicídios e negou participação no crime.
Barbosa discutiu em 2006 com o delegado por ter estacionado seu carro em local irregular em Copacabana. Neto chegou a ser preso pelos PMs e passou a apurar uma suposta ligação deles com a máfia dos caça-níqueis. Com o sargento Barbosa, foram apreendidos ontem duas pistolas calibre 380 e um carro Polo de cor prata. As armas têm o mesmo calibre usado pelos autores do atentado e o carro é semelhante ao dirigido pelos criminosos, segundo testemunhas. Neto foi operado ontem e teve o dedo médio da mão direita amputado.
O sargento, lotado há oito anos no 19º Batalhão de PM de Copacabana, disse em depoimento à polícia que estava de folga, em Bangu, na hora do crime. Ele mostrou recibos de uma farmácia para comprovar que estava fazendo compras na hora em que o delegado foi baleado. O policial foi liberado e continuará trabalhando.
A outra teoria é que o crime teria sido tramado pelo ex-diretor do Instituto Médico-Legal Roger Ancilotti, a mando do deputado e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins. Neto era uma das duas testemunhas de defesa do perito Daniel Ponte, que acusa a administração de Ancilotti de compras superfaturadas, cobrança de propina das famílias que aguardam necropsia e envolvimento com a máfia das funerárias. A outra testemunha, o perito Alexandre Várzea, morreu há 11 dias em um acidente de trânsito. Ponte pediu proteção policial e mostrou gravações onde Neto o alerta sobre um possível atentado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.