Em um dos movimentos políticos mais ousados para compensar a fragilidade da defesa e os rachas na base aliada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), levou ontem para o Palácio do Planalto a crise provocada pelo processo disciplinar movido contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Renan conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manhã, durante 40 minutos, e cobrou dele ajuda para alinhar novamente o PT na sua defesa.

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Foi o senador quem pediu a audiência. Renan deixou o Planalto alegando estar convicto de que Lula foi solidário com ele. Conversou, ainda, com os governadores tucanos José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais.

Não foi só: na hora do almoço, ligou para o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM). A todos pediu que intercedessem junto às bancadas para ser inocentado no Conselho. No telefonema a Arruda, Renan sugeriu que conta com o recesso do Legislativo, a partir do dia 15 de julho, para esfriar o caso.

Na conversa com o presidente, Renan argumentou que ele e o governo estão sendo vítimas de uma ?operação política? cuidadosamente planejada pela oposição. ?É um processo que não tem fim?, resumiu. Acusado de receber dinheiro do lobista Cláudio Gontijo para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, o presidente do Senado disse a Lula que apresentou ?todos os documentos? para provar que possuía recursos, não necessitando da ajuda da empreiteira Mendes Júnior.

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O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que o partido continuará solidário a Renan e que o Conselho de Ética deve desmembrar o processo para que outras eventuais dúvidas sejam apuradas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). ?Até porque o conselho não tem estrutura para investigar tudo?, afirmou Berzoini.