O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista coletiva, que no seu governo não existe favor para o irmão, para os amigos ou para os adversários. A declaração foi uma resposta aos grampos da Polícia Federal, que aponta que o irmão mais velho do presidente, o Vavá, faria lobby para empresários de bingos e caça-níqueis. Na entrevista, Lula disse mais de uma vez que está vivendo um momento de reflexão sobre o País. E garantiu que alertava seus irmãos para os riscos de "empresários picaretas pedirem favor em seu governo".
"Se alguém se aproxima de meu irmão para pedir algo, é um empresário picareta. O empresário tem que pedir direto para o ministro", afirmou. Lula não negou que já tenha dado algumas broncas em seus irmãos, alertando-os para o risco de pedidos de favorecimento. E disse que Vavá e Frei Chico devem sofrer com assédios porque são irmãos do presidente da República. Na defesa de Vavá, Lula reiterou que duvidava que Vavá tivesse feito algum lobby na vida.
Questionado se sentia atingido pelo vazamento de informações pela Polícia Federal, Lula declarou: "Não me faço mais de vítima porque tem um processo em curso. O fato de Vavá ser meu irmão desperta mais atenção", afirmou. Apesar da defesa que fez dos irmãos, o presidente disse que a única possibilidade de evitar esses problemas é não cometer erros. E disse que por serem seus irmãos, eles devem ter mais responsabilidades de não cometer erros.
Ainda nas críticas ao vazamento das gravações, Lula disse que existe um processo de investigação sigiloso, mas apenas para as vítimas. "Parece que a imprensa recebe a informação antes do Ministério Público. E amanhã poderá ser um de vocês", afirmou, destacando que o vazamento de gravações sigilosas é um risco porque pode atingir qualquer pessoa, "inclusive vocês", disse aos jornalistas que participaram da entrevista coletiva.
Lula comentou também a postura que vem adotando nesse processo e lembrou que quando foi presidente do sindicato, achava que poderia subir na mesa. Mas, então, percebeu que, pelo cargo que passou a ocupar, a sua responsabilidade ficou ainda maior. Lembrou que desde então tem tido um comportamento exemplar. Lula disse ainda que o presidente da República não pode ficar respondendo sobre informações que vazam em telefonemas, mas que é preciso esperar o final das investigações.